Um dos suspeitos de pertencer a uma suposta rede de espionagem nos Estados Unidos em benefício da Rússia admitiu ser um agente a serviço da inteligência russa e afirmou ser mais leal ao Kremlin do que a seu próprio filho, segundo o Ministério Público americano.

O suspeito, que operava sob uma falsa identidade – dizia ser uruguaio e se chamar Juan Lázaro – também revelou que sua mulher, a jornalista peruana Vicky Peláez, fez várias viagens à América do Sul para dar informação aos seus superiores russos.

O casal faz parte de um grupo de 11 indivíduos, alguns deles instalados há três décadas nos Estados Unidos, investigados pelo FBI durante anos por suspeitas de que buscavam se infiltrar nos círculos políticos americanos para enviar informações a Moscou, conforme as práticas em vigor durante a Guerra Fria.

Nove dos 11 suspeitos compareceram na quinta-feira a diferentes tribunais americanos. Cinco deles, em Boston (nordeste) e Virgínia, deverão retornar ainda hoje.

Em carta dirigida ao juiz Ronald Ellis, o promotor de Nova York Preet Bharara insistiu na importante confissão de Lázaro e pediu ao juiz que não cometesse com ele o mesmo erro lamentável que um tribunal local de Chipre, que, ao aceitar libertar outro suspeito do caso sob fiança, permitiu que ele fugisse e desaparecesse.

Juan Lázaro confessou que não era uruguaio, como se apresentava até então, e que esse não era seu verdadeiro nome, ainda que não tenha revelado sua real identidade.

Segundo a carta do promotor Bharara ao juiz Ellis, o suspeito também disse aos investigadores que “ainda que ame seu filho, não trairia, nem sequer por ele, sua lealdade ao ‘Serviço'”, abreviação usada nos documentos do tribunal para designar o serviço de inteligência exterior da Rússia (SVR), sucessor da KGB da era soviética.

O juiz Ellis disse que decidiria o futuro de Lázaro em uma nova data. Já sua mulher, Vicky Peláez, foi libertada na quinta-feira em troca de uma fiança de 250 mil dólares, 10 mil deles pagos em dinheiro. Ela deverá utilizar uma pulseira eletrônica e será vigiada.

Entretanto, Ellis negou-se a conceder liberdade sob fiança de outro casal, Richard e Cynthia Murphy, acusados de manter contatos clandestinos de alto nível desde a metade dos anos 90, .

Na segunda-feira, o juiz também havia negado a liberdade sob fiança de outra suspeita, a empresária russa Anna Chapman, de 28 anos.

Um último suspeito, Christopher Metsos, detido no Chipre quando ia pegar um avião para Budapeste, foi libertado sob fiança de 26.500 dólares. Aproveitou a ocasião para “sumir do mapa” e está foragido desde então.

As autoridades cipriotas, que o procuram, temem que tenha ido para o norte da ilha mediterrânea, zona conhecida como o paraíso dos fugitivos, por não ter tratados internacionais de extradição.

burs/ma