Uma grande retrospectiva dos rostos desenhados com natureza morta, pintados pelo italiano Arcimboldo (1527-1593), foi apresentada esta terça-feira à imprensa na Galeria Nacional de Washington, a primeira deste porte a chegar aos Estados Unidos.

A mostra contará com um total de 16 “retratos”, pintados com hortaliças, árvores, peixes, frutas, flores e até canhões e pistolas, com os quais Arcimboldo conquistou a admiração de alguns e provocou o riso de outros na corte do Império dos Habsburgo, no século XVII.

Arcimboldo não foi o primeiro a fazer alegorias de rostos humanos a partir de cenouras, beringelas e animais, mas foi quem fez mais sucesso, apesar do esquecimento a que foi relegado após a sua morte.

“Depois de centenas de anos de esquecimento, ele foi redescoberto graças aos movimentos surrealista e dadaísta” dos anos 1930, explicou em entrevista coletiva Sylvia Ferino-Pagden, comissária da exposição e curadora de pintura renascentista do museu Kunsthistorisches de Viena.

A mostra na Galeria Nacional amplia as precedentes celebradas em Paris e Viena, embora falte um exemplo mais atrevido da produção de Arcimboldo: um prato com o retrato de um homem feito com pênis.

Este curioso exemplar presente na retrospectiva do irreverente pintor italiano celebrada em 2008, em Paris, não foi selecionado para a mostra de Washington.

“Preferimos nos concentrar no aspecto da natureza e da fantasia”, explicou à AFP uma das comissárias adjuntas da exposição, Gretchen Hirschauer.

A maior parte dos quadros proveem dos fundos do museu vienense e, após sua passagem por Milão, em 2011, não voltarão a deixar a instituição em muito tempo para restauração, explicou Ferino-Padgen.

Arcimboldo não hesitou em satirizar membros da corte de Maximiliano II e pintou alguns em suas obras, inclusive o filho deste, o também imperador Rodolfo II, que não duvidou em posar para o artista.

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