O euro chegou a recuar mais cedo, após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar um corte na taxa de depósito e um programa de afrouxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês). Ao longo do pregão, porém, a moeda comum passou a ganhar força em relação ao dólar, com investidores de olho em sinais do presidente do BCE, Mario Draghi, e na perspectiva para o Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Com isso, o dólar recuou ante uma cesta de moedas principais, além de cair também diante de várias divisas de países emergentes e ligados a commodities.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 108,15 ienes, o euro avançava a US$ 1,1068 e a libra tinha alta a US$ 1,2340, esta perto da estabilidade. O índice DXY, que mede o dólar em relação a uma cesta de outras moedas, teve queda de 0,34%, a 98,309 pontos.

As medidas de relaxamento monetário do BCE tendem a levar o euro a desvalorizar. Draghi, porém, afirmou durante entrevista coletiva após a decisão que é hora de a política fiscal “assumir o comando” no apoio à economia da zona do euro, sinalizando que o BCE pode ter pouco espaço para fazer isso mais à frente. Para o ING Alemanha, Draghi apelou pela primeira vez em anos para que governos usem estímulos fiscais.

A BK Asset Management diz que as idas e vindas do BCE explicam a variação do euro nesta quinta. Em primeiro lugar, a sugestão de Draghi para que os governos lancem estímulos fiscais. O euro também passou a se fortalecer com a perspectiva de que os estímulos gerem crescimento mais forte na zona do euro e com as apostas de que o Fed acompanhará o BC da Europa e cortará os juros na próxima semana, complementa a BK Asset.

Já o dólar chegou a ganhar força após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. O índice subiu 0,3% no mês e 2,4% na comparação anual de agosto, quanto analistas previam altas de 0,2% e 2,3%, respectivamente. O movimento, porém, não teve muito fôlego.

O dólar também recuou ante várias divisas de países emergentes e commodities. O peso argentino, por exemplo, chegou no fim da tarde em Nova York em alta, com o dólar a 56,1121 pesos, após o índice de preços ao consumidor da Argentina avançar 4,0% em agosto ante julho, ante previsão de alta de 4,2% dos analistas ouvidos pela Trading Economics.

O dólar ainda caía a 5,6627 liras turcas, de 5,7506 liras turcas no fim da tarde de ontem. A lira se fortaleceu mesmo após o Banco Central da República da Turquia cortar a taxa básica de juros de 19,75% a 16,50%, em meio a pressões do presidente Recep Tayyip Erdogan por mais reduções para que a taxa fique abaixo de 10% “o mais rápido possível”.