A Europa superou nesta quinta-feira (17) o meio milhão de mortes pelo novo coronavírus, tornando-se a primeira região do mundo em alcançar esta cifra simbólica, enquanto nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia, um comitê de especialistas estudava a aprovação da vacina do laboratório Moderna.

Desde outubro, a Europa voltou a ser o epicentro da pandemia, que nos últimos dias bateu recordes com os 6.800 óbitos de terça-feira ou as mais de 30.000 infecções detectadas na Alemanha nas últimas 24 horas.

Na França, o presidente Emmanuel Macron contraiu a covid 19, informou nesta quinta o Palácio do Eliseu.

O anúncio levou vários dirigentes europeus, entre eles o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, e o primeiro-ministro português, Antonio Costa, a se isolarem preventivamente após terem tido contato com Macron.

Nos 52 países e territórios da região europeia (de Portugal à Rússia e ao Azerbaijão), foram registrados pelo menos 500.069 óbitos entre os mais de 23 milhões de contágios declarados, um número de falecidos que supera os das outras duas regiões mais afetadas, a América Latina e o Caribe (477.000 mortes) e Estados Unidos e Canadá (321.000).

O aumento dos contágios provocou restrições mais duras em vários países europeus, enquanto os Estados Unidos, o país mais castigado pela pandemia, registraram novos recordes diários de casos (250.000) e mortes (mais de 3.700).

– Segunda vacina nos EUA –

Os Estados Unidos esperam que os especialistas deem seu aval à vacina da Moderna nesta quinta-feira e que a agência reguladora de alimentos e medicamentos (FDA) aprove seu uso logo após a reunião, possivelmente na sexta-feira.

Se tudo sair como previsto, os Estados Unidos serão o primeiro país a autorizar o imunizante da Moderna. O país poderá dispor, assim, de duas vacinas a partir da próxima semana e acelerar a campanha de imunização iniciada na segunda-feira com o produto da aliança americana-alemã Pfizer/BioNTech.

O objetivo do governo é vacinar 20 milhões de pessoas em dezembro. Os trabalhadores sanitários e os residentes em lares para idosos serão os primeiros.

A Casa Branca anunciou que o vice-presidente Mike Pence e sua esposa tomarão a vacina nesta sexta, e que o presidente Donald Trump está “totalmente aberto” a fazer o mesmo, embora já tenha se infectado com o novo coronavírus e supostamente esteja imunizado.

– Vacinações na Europa –

A União Europeia começará sua campanha de vacinação nos dias 27, 28 e 29 de dezembro, anunciou nesta quinta a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) tem previsto se reunir no dia 21 para avaliar a vacina dos laboratórios Pfizer-BioNTech, e ato contínuo, a Comissão dará seu aval para iniciar a campanha.

Quanto à vacina da Moderna, a EMA decidirá em 6 de janeiro se a autoriza, anunciou nesta quinta.

E enquanto a vacina chega na Europa, muitos países endureceram suas restrições, temerosos de que as festas de fim de ano causem uma explosão de casos.

Dinamarca, França, Turquia e Holanda adotaram novas medidas para conter os contágios, assim como a Alemanha, onde foi imposto um ‘lockdown’ parcial até 10 de janeiro, que prevê o fechamento de escolas e comércios não essenciais, e restrições a viagens e contatos sociais.

A Polônia também decretou um confinamento parcial entre 28 de dezembro e 17 de janeiro, durante o qual fechará shopping centers e estações de esqui, e restringirá as viagens na véspera do Ano Novo para “proteger” o país “de uma terceira onda”, segundo o ministro polonês da Saúde, Adam Niedzielski.

Na Inglaterra, no leste e no sudeste serão impostas medidas mais estritas a partir de sábado, como o fechamento de hotéis, museus, cinemas e teatros, enquanto os restaurantes só poderão vender refeições para levar.

– A guinada de Bolsonaro –

O novo coronavírus provocou cerca de 74 milhões de contágios e mais de 1,6 milhão de mortes desde o primeiro caso registrado na China, em dezembro de 2019.

O presidente Jair Bolsonaro, que sempre minimizou a magnitude da pandemia, mudou o discurso na quarta-feira, ao afirmar que a vacinação permitirá ao Brasil “voltar à normalidade”.

Na cerimônia de lançamento do plano nacional de imunização, em Brasília, Bolsonaro reconheceu que a pandemia “aflige” os brasileiros “desde o início”.

Na véspera, ele tinha dito que não se vacinaria e emitiu dúvidas sobre a segurança das vacinas.

O papa, por sua vez, pediu nesta quinta, por ocasião de seu 84º aniversário, “aos políticos e ao setor privado”, que “garantam” o acesso às vacinas contra a covid-19 “aos mais pobres e frágeis”.

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