10/02/2023 - 17:09
Astronautas europeus podem pisar na Lua pela primeira vez nos próximos anos graças à missão Artemis, comandada pela Nasa e sua espaçonave Orion.
Pela primeira vez, os Estados Unidos atribuíram à Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e à gigante aeroespacial Airbus a responsabilidade pelo sistema essencial ao lançamento de uma futura missão tripulada.
Em troca, os europeus têm três vagas garantidas nos voos da missão, que podem ocorrer a partir de 2027, embora ainda esteja em debate a possibilidade de conseguirem oportunidades antes desta data.
Esse papel é crucial, pois proporcionam “metade das naves espaciais que levarão os homens à Lua e, certamente, de volta à Terra sãos e salvos”, afirmou Marc Steckling, responsável pela exploração espacial da Airbus.
– Primeira mulher a pisar na Lua –
Há muito em jogo com o retorno do homem à Lua 50 anos após a missão Apollo.
A missão Artemis quer provar que a Nasa e os astronautas europeus são capazes de competir com a China e a SpaceX, que possuem seus projetos próprios.
Os europeus começaram a fornecer módulos de serviço (ESM) para as cápsulas Orion. Estes cilindros de quatro metros de diâmetro e altura são compostos por 22 mil peças fornecidas por dez países e são montados na sede da Airbus, em Bremen, no norte da Alemanha.
Quando concluídos, serão levados ao Kennedy Space Center, na Flórida.
Até o momento, o Módulo 2 foi entregue e os próximos três já estão sendo montados.
“Estamos bem encaminhados para cumprir o requisito da Nasa de entregar um módulo por ano”, afirmou Steckling, um dos principais responsáveis pelo projeto de R$ 10,5 bilhões.
A primeira missão Artemis, uma volta ao redor da Lua sem tripulantes, foi realizada com sucesso no final de 2022. O delicado retorno à atmosfera ocorreu a uma velocidade de 40.000 km/h, sem contratempos.
A Artemis 2 levará astronautas à órbita da Lua em 2024.
Já a missão 3 deve ser executada no ano seguinte, permitindo que uma mulher e uma pessoa não branca pisem na Lua pela primeira vez, sucedendo os 12 homens que já realizaram o feito.
O papel do módulo europeu, colocado sob a cápsula Orion, será fundamental: fornecerá eletricidade, através de quatro painéis solares, para serviços essenciais à vida dos astronautas, como água, oxigênio e o controle de temperatura.
O módulo também realizará manobras orbitais, podendo ser utilizado, inclusive, para transportar cargas à futura estação espacial lunar Gateway.
– Esforços chineses –
Se na corrida espacial dos anos 1960 os Estados Unidos disputavam com a União Soviética, hoje em dia a grande adversária é a China.
Pequim planeja enviar pessoas à Lua em 2030, mas os EUA e a Europa não pretendem ficar muito atrás nesta corrida.
O objetivo final da missão é montar um ecossistema lunar capaz de entender e explorar melhor a Lua, e, no longo prazo, realizar missões tripuladas para Marte.
“Há muitos bons motivos para ir à Lua”, disse David Parker, diretor de exploração da Agência Espacial Europeia.
“A Lua é um livro de história com o qual podemos aprender, graças aos estudos de meteoritos que estão ali, como a Terra se formou e qual o seu futuro”, analisou o astronauta alemão Alexander Gerst, que já esteve na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) em duas ocasiões.
Para o coordenador do programa da ESA, Philippe Berthe, “a Lua preserva a história do sistema solar desde sua criação e tem permanecido relativamente intacta, já que não possui atmosfera nem erosão”.
O satélite natural da Terra também contém recursos exploráveis, sobretudo no polo sul, que, de acordo com Berthe, pode conter gelo, que poderia ser utilizado para produzir combustível.