24/03/2021 - 9:57
Morreu de covid-19 na madrugada desta quarta-feira (24) o ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e ex-deputado Haroldo Lima (PCdoB-BA), baiano de Caetité, aos 81 anos. Lima foi preso na ditadura e se filiou ao MDB para conseguir se eleger, retornando ao PCdoB após a sua legalização.
De acordo com o PCdoB da Bahia, Haroldo foi um sobrevivente do episódio que ficou conhecido como “Chacina da Lapa”, em 1976, que matou três dirigentes do Partido. Com a abertura política, no final da década de 1970, voltou à Bahia, mas foi novamente preso, no início da década de 1980, acusado de promover um “quebra-quebra” em Salvador, pela participação em movimentos memoráveis contra a carestia e por melhores condições de vida na capital baiana.
Foi eleito outras quatro vezes, já pelo Partido Comunista, para a Câmara Federal, tendo sido, inclusive, deputado constituinte em 1988. No governo Lula, esteve à frente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no período de descoberta do pré-sal. Atualmente, Haroldo Lima integrava o Comitê Central do PCdoB e o Comitê Estadual da Bahia.
Por conta da atuação política, foi perseguido, preso e torturado, viveu na clandestinidade e viu ser detida também a esposa, Solange Silvany, a primeira presa política da Bahia. Neste período, ingressou no Partido Comunista e contribuiu com a organização da Guerrilha do Araguaia.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB-MA), lamentou a morte de Lima nas redes sociais. “Hoje o amigo Haroldo Lima nos deixou. Grande defensor da nossa Pátria e da luta popular. Foi deputado federal por 5 mandatos e presidente da Agência Nacional do Petróleo. Conhecia como poucos o tema da Energia no Brasil. Mais uma vítima do coronavírus”, disse o governador.
O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) também lamentou a perda: “mais um bravo que se vai, vítima da covid que o desgoverno federal estimula…O Brasil perde. Solidariedade à família e aos amigos “, afirmou no Twitter.
Celson Cunha, presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), afirmou que Haroldo Lima era uma referência política de equilíbrio, coragem e firmeza na defesa dos interesses nacionais, além de um grande apoiador do setor nuclear. “Infelizmente essa doença leva mais um amigo um ‘Mestre Yoda’ que tive em minha vida e um grande e atuante brasileiro. Foi um grande amigo da Marinha brasileira”, disse Cunha.