25/03/2022 - 10:05
O ex-primeiro-ministro do Togo Gilbert Houngbo foi eleito nesta sexta-feira (25) para comandar a Organização Internacional do Trabalho (OIT), tornando-se o primeiro africano a ocupar o cargo, para um mandato que visa preservar os progressos alcançados nas últimas décadas na justiça social.
Houngbo foi eleito em segundo turno pelos membros do Conselho de Administração que representam os Estados e as organizações de empregadores e trabalhadores, uma vez que a OIT tem a particularidade de ser uma organização que reúne vários atores.
O ex-primeiro-ministro, de 61 anos e natural de um município rural do Togo, passou a maior parte de sua carreira em organizações internacionais, onde é considerado um alto funcionário com vasta experiência.
Houngbo assumirá o cargo no início de outubro para suceder o ex-sindicalista britânico Guy Ryder, que serviu no cargo por 10 anos, por dois mandatos consecutivos.
O futuro diretor da OIT preside atualmente o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), com sede em Roma, conhece bem a OIT, da qual foi vice-diretor responsável pelas operações de campo de 2013 a 2017.
Ex-secretário-geral adjunto das Nações Unidas, diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi também membro da equipe estratégica e diretor administrativo e financeiro da organização.
A eleição teve cinco candidaturas.
Sua principal concorrente era a francesa Muriel Pénicaud, ex-ministra do Trabalho, que contava com o apoio do bloco europeu.
Também concorriam a ex-chanceler sul-coreana Kang Kyung-wha, o empresário sul-africano Mthunzi Mdwaba e o australiano Greg Vines, vice-diretor-geral da OIT responsável pela gestão e reforma.
O próximo diretor da OIT tem a difícil tarefa de adaptar as normas dessa organização centenária a um mercado de trabalho em plena evolução devido aos efeitos das novas tecnologias.
Em seu mandato, deverá enfrentar os desafios do teletrabalho impostos pela pandemia de covid-19, que permite abolir as barreiras geográficas e trabalhar em equipe à distância.
Ao apresentar sua candidatura, Houngbo enfatizou que sua visão é inspirada na introdução da carta da OIT, que afirma que “a paz universal e duradoura só pode ser fundada na justiça social”.
“O progresso feito nas últimas décadas em justiça social deve ser preservado e protegido, e as soluções globais para novos desafios e oportunidades devem centrar-se em valores humanos, ambientais, econômicos e sociais. Em suma, um novo contrato social global”, escreveu.
“Se eleito, pretendo dar nova vida à OIT, reposicioná-la no centro da arquitetura social global e mitigar o risco de ver sua estatura se deteriorar. Para isso, proponho um ambicioso programa global de justiça social”, acrescentou.
Criada após a I Guerra Mundial, em 1919, a OIT nunca foi liderada até o momento por uma mulher, nem por um representante da África ou da Ásia.
Apenas os 56 membros efetivos do Conselho de Administração – 28 representantes governamentais, 14 empregadores e 14 sindicalistas – puderam votar.
Dez dos assentos governamentais titulares são permanentemente reservados para países de maior importância industrial (Alemanha, Brasil, China, França, Índia, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos).
Com assento permanente, a Rússia pôde participar da votação, apesar da decisão da OIT esta semana de “suspender temporariamente” sua cooperação com Moscou por causa da invasão da Ucrânia.