10/03/2023 - 12:00
Um ex-membro das Testemunhas de Jeová matou seis membros de sua antiga comunidade na cidade alemã de Hamburgo, com a qual ele entrou em conflito, e depois cometeu suicídio, disseram as autoridades nesta sexta-feira (10).
O ataque ocorreu na noite de quinta-feira (9) durante uma atividade religiosa organizada por esta comunidade.
O agressor foi identificado como um homem de 35 anos chamado Philipp F., que deixou a comunidade há cerca de 18 meses, “aparentemente não em boas condições”, disse um oficial da polícia a repórteres.
As vítimas mortais foram quatro homens e duas mulheres com idades entre 33 e 60 anos.
Oito pessoas também ficaram feridas, incluindo uma grávida de sete meses que perdeu o filho que esperava, que foi contabilizado pela polícia alemã entre as vítimas fatais em seu balanço.
O agressor cometeu suicídio logo após os policiais invadirem o prédio.
“Ele fugiu para o primeiro andar” do prédio onde os membros da comunidade estavam reunidos para as orações “e se matou”, disse o ministro do Interior da cidade-Estado de Hamburgo, Andy Grote, à imprensa.
A rápida chegada das forças de segurança, que interromperam o massacre, permitiu evitar um maior número de mortos, segundo as autoridades.
Os motivos do ataque são desconhecidos, embora no momento o Ministério Público de Hamburgo diga que não vê um motivo “terrorista” por trás do massacre e que o agressor poderia sofrer de transtornos psiquiátricos.
O homem, que não tinha antecedentes criminais, “tinha raiva de membros de congregações religiosas, principalmente das Testemunhas de Jeová e de seu ex-empregador”, explicaram as forças de segurança.
A polícia recebeu uma “carta anônima” em janeiro, afirmando que Philipp F. sofria de uma “doença psiquiátrica” não confirmada por nenhum médico porque “se recusou a consultar” um especialista.
O agressor invadiu o prédio, localizado em uma grande avenida desta cidade do norte da Alemanha. Segundo a revista Der Spiegel, havia cerca de cinquenta pessoas reunidas para uma sessão de oração.
– “Ato de violência brutal” –
As forças de segurança foram chamadas por volta das 21h15 (17h15 no horário de Brasília) após disparos contra o prédio de três andares, localizado no bairro de Gross Borstel, disse um porta-voz da polícia.
“Ouvi tiros e os reconheci imediatamente porque vivi em países em guerra”, disse à AFP uma mulher de 40 anos que mora nas proximidades e pediu anonimato.
“Durou vários minutos, houve tiros e depois uma pausa, depois mais tiros e outra pausa”, disse ela.
“A polícia chegou muito rápido, talvez 4 ou 5 minutos depois dos disparos”, disse Anetta, outra moradora. “Pessoas morreram, não consigo encontrar palavras. É uma catástrofe”.
Segundo o site desta organização na Alemanha, existem 175.000 testemunhas de Jeová no país, 3.800 delas em Hamburgo.
A instituição foi fundada no século XIX nos Estados Unidos. Seus membros se consideram herdeiros do cristianismo primitivo.
O status da organização varia de país para país: consta entre as “grandes” religiões na Áustria e na Alemanha, é listada como um “culto reconhecido” na Dinamarca e como uma “denominação religiosa” na Itália.
Na França, muitos ramos locais têm o status de “associação de culto”, mas o movimento é regularmente acusado de tendência sectária.
O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, denunciou um “ato brutal de violência”. A comunidade das Testemunhas de Jeová disse estar “profundamente triste com o terrível massacre”.