Os pesquisadores primeiro testaram a eficácia do teste em amostras de urina de participantes do Golestan Cohort Study, que reuniu dados de mais de 50 mil pessoas. Após dez anos de acompanhamento, 40 voluntários foram diagnosticados com câncer de bexiga. O novo teste foi aplicado em amostras de 29 destes participantes e em 98 amostras de outros participantes, que poderiam ser usadas como controle.

Os resultados mostraram que o teste poderia prever o futuro câncer de bexiga com 66% de eficácia, 12 anos antes do diagnóstico clínico. Com 7 anos de antecedência, a eficácia subiu para 86%. Na população controle, o teste foi exatamente negativo em 96% dos pacientes que não desenvolveram câncer no futuro.

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A validação do teste foi realizada em 70 pacientes com câncer de bexiga e 96 controles do Massachusetts General Hospital e da Ohio State University. Essas amostras foram coletadas antes da cistoscopia, mas no dia em que os pacientes receberam seu diagnóstico. As mutações genéticas foram identificadas em amostras de 71% dos participantes cujos tumores foram detectados durante a cistoscopia. A precisão para resultados negativos foi de 94%.

Os resultados foram consistentes tanto em indivíduos com fatores de risco conhecidos para câncer de bexiga submetidos à cistoscopia quanto naqueles sem evidência de doença. Os fatores de risco para esse tipo de tumor incluem genética, tabagismo ou exposição ambiental a carcinógenos conhecidos.

“Pesquisas dessa natureza são muito encorajadoras, pois mostram que nossa capacidade de identificar alterações moleculares em biópsias líquidas, como urina, que podem indicar câncer, está melhorando constantemente”, comentou Joost Boormans, urologista do Erasmus University Medical Center em Rotterdam, na Holanda, em comunicado.

Apesar dos resultados promissores, Boormans não acredita que esse tipo de teste será utilizado para realizar uma triagem em massa do câncer de bexiga. Em vez disso, é mais provável que o exame possa ser utilizado em pacientes de alto risco ou para avaliar o risco de recorrência em pacientes que já tiveram a doença.

Câncer de bexiga

O câncer de bexiga ocorre principalmente em pessoas mais velhas, cerca de 90% dos pacientes com esse tipo de câncer têm idade superior a 55 anos, sendo a média no momento do diagnóstico de 73 anos.

Há três tipos de cânceres de bexiga. Eles são divididos nos tipos de células onde o tumor se inicia. Os não invasivos ainda não invadiram camadas mais profundas. Já os cânceres invasivos são mais propensos a se disseminarem e mais difíceis de tratar.

O principal sintoma da doença está associado a alterações na urina, sendo a presença de sangue o primeiro deles. Outros sintomas incluem urinar com frequência maior que o habitual, sensação de dor ou queimação, urgência em urinar mesmo quando a bexiga não está cheia e um fluxo urinário mais fraco que o normal.

Em casos mais graves, os sintomas podem avançar e provocar outros tipos de manifestações, como o fechamento do canal urinário em consequentemente a impossibilidade de a pessoa urinar, dores lombares, perda de apetite, fraqueza, inchaço nos pés e pernas, dor óssea, perda de peso, e até mesmo a diminuição do funcionamento dos rins.

Os fatores de risco para desenvolvimento da doença incluem genética, exposição à radioterapia, medicamentos e outras substâncias; idade – a doença é mais comum após os 40 anos -; ingerir pouco líquido; inflamação crônica na bexiga e tabagismo.

O tratamento varia de acordo com o grau da doença, podendo contemplar cirurgias, quimioterapia e radioterapia.