Os executivos brasileiros descobriram nas velas ao mar um estilo de vida num País com 8 mil quilômetros de costa. Há um número cada vez maior de empresários que trocam as gravatas de segunda a sexta pela liberdade ao mar nos finais de semana. ?Com uma carga de trabalho tão forte, apenas o vento no rosto me faz recuperar as energias?, diz Eduardo Souza Ramos, presidente da Mitsubi-shi no Brasil. Em julho passado, ele comandou um veleiro de 42 pés, o Pajero TR4 Daslu, com 10 tripulantes, na 30ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela. Venceu na categoria IMS Racer e coroou, novamente, uma carreira que oscila entre o escritório e o oceano. É uma paixão de criança, que já o levou a disputar duas Olimpíadas. Mas Souza Ramos avisa: ?Nunca fui profissional?.

Distante do profissionalismo, o entusiasmo que leva a bordo é uma espécie de válvula de escape para o estresse. Marcelo Quintais, vice-presidente da White Martins, faz a analogia do esporte com sua atividade cotidiana. ?É como uma empresa, todos têm que trabalhar por um único objetivo, a vitória?, diz ele. Quintais investiu US$ 250 mil no barco Asbar III. ?Adoro fazer parte do mundo dos velejadores?, resume. ?As pessoas aqui não se envaidecem diante das vitórias conquistadas.? São vaidosas, isso sim, das embarcações. Os
modelos têm preços que variam de US$ 10 mil (os menores de 21 pés) a US$ 300 mil (acima de 40 pés). Além do gasto com o veleiro, os equipamentos são fundamentais para um bom desempenho. Importados, em sua maioria, os equipamentos possuem preços salgados. Uma vela chega a até 25% do valor da embarcação. Elas podem ser de fios de carbono, leves e resistentes, ou de Kevlar, feita a base de fio de plástico. Cada barco usa até duas velas simultaneamente: uma de proa (chamada de genoa) e a mestra (vela principal).

Pode-se dizer, como insinua Quintais, que o barco é uma extensão do escritório. O empreiteiro Celso Quintela, dono de um veleiro de 40 pés, o Sorsa, faz coro, ao lado de sua equipe de oito pessoas. ?É como em uma construção, cada um tem seu papel?, diz. As funções são nítidas. Depois de zarpar, o vaivém coletivo dá o mote da aventura. ?Organização, disciplina e trabalho em equipe é o que aprendemos no esporte para levar aos negócios?, diz Souza Ramos. ?Afinal, em ambos os cenários todos querem vencer.?