Uma delegação de empresários dos setores financeiro, farmacêutico, têxtil, automobilístico, de mídia, moda e entretenimento está de malas afiveladas para enfrentar uma dura concorrência na Europa. Em junho, na República de San Marino, eles terão de bater adversários de todos os quadrantes do mundo. Não se trata, entretanto, de mais uma etapa do esforço exportador brasileiro. Ali, a disputa vai acontecer dentro da piscina, em torno de uma bola amarela e valendo o título para masters de campeão mundial de pólo aquático. Inventado pelos ingleses, o jogo é considerado pelo Comitê Olímpico Internacional como o esporte coletivo mais difícil do mundo. No Brasil, o pólo aquático é restrito a clubes de elite ? e se tornou um ponto de união para executivos bem-sucedidos superarem seus limites físicos na idade madura.

?Todos aqui se conhecem há pelo menos 20 anos?, diz o economista Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, à beira da piscina em que os amigos treinam. Ele mesmo, hoje com mais de 40 anos, começou a jogar aos 12. ?A cada um de nós o pólo aquático ajuda de alguma maneira.? Para o empresário da construção civil Ricardo Giosa Sasso, o esporte é uma espécie de organizador pessoal. ?Não dá para comer demais, se exceder na bebida ou dormir fora de hora e, ao mesmo tempo, jogar pólo aquático?, enumera. ?Esse jogo aumenta a vida útil da gente?, classifica Marcos Maynard, ex-presidente da Sony Music no Brasil. Um dos administradores dos recursos da família Safra, o economista Guilherme Figueiredo é o capitão da equipe masters 30 Mais, de jogadores com idade superior a 30 anos. ?Dois anos atrás, quando ninguém esperava, levantamos o vice-campeonato mundial. Agora, queremos subir um degrau.?

Vai ser pedreira. Mais de 30 países enviarão delegações para o campeonato, chancelado pela Federação Internacional de Natação (Fina), a ser jogado entre 7 e 13 de junho. Haverá disputa, também, para a categoria 35 Mais, na qual o País ficou em terceiro lugar na última competição, na Nova Zelândia. O grupo está treinando forte. Num jogo, um atleta chega a nadar até 1,5 mil metros. Os batimentos cardíacos vão a 200 por minuto. Há muito contato físico. Sangramentos no rosto, hematomas nas pernas e arranhões pelo corpo são conseqüências tidas como naturais. ?Os masters pegam mais leve, mas os jogos são sempre duros?, diz o publicitário Décio Junqueira, técnico do 35 Mais. Ele é um exemplo de que, nesta equipe, os negócios convivem em harmonia com o esporte. Sua agência, a Latina MSG, ganhou a concorrência para a conta da Gávea Investimentos, em que o ex-presidente do BC Armínio Fraga, Luiz Fernando Figueiredo e outras estrelas do mercado gerenciam RS 1 bilhão em recursos.

Dentro d?água, os executivos se chamam por apelidos dos tempos de infância. Tornam-se Potro, Goiaba, Muquifo, Bisguila e Horse. Brincadeiras dão o tom dos treinos. Cada um vai bancar suas próprias despesas de viagem, mas todos jogarão em nome do Brasil. ?O País vai se orgulhar desses meninos?, crava Alexandre Meyer, técnico da equipe 30 Mais, a quem os jogadores chamam de Papi.

Assim jogam os masters
Duração da partida: quatro tempos de cinco minutos cada, com intervalos de um minuto e meio
Piscina: 25 metros de extensão por 20 de largura

Gol: trave de madeira com frente reta, 0,90 m de altura e 3 m de largura

Bola: feita de material plástico, pesa 430 gramas É sempre amarela

Jogadores: um goleiro e seis atacantes. A quatro metros do gol, apenas o goleiro pode pegar a bola com as duas mãos

Equipamento: sunga e touca com proteção para os ouvidos

Juízes: dois, que atuam em lados opostos da piscina

Punições: as duas primeiras faltas graves implicam expulsões temporárias de 15 segundos. A terceira expulsão é definitiva