Não é novidade que a falta de exercícios físicos é associada a uma vida menos equilibrada, mas um estudo publicado nesta terça-feira (6) na revista British Journal of Sports Medicine mostrou que a inatividade física e o comportamento sedentário estão associados a maior risco de câncer de mama em mulheres.

O estudo se destaca por ir além do caráter observacional – quando não aponta uma relação de causa e efeito – e analisar geneticamente a relação direta entre a prática de exercícios e a diminuição das chances do surgimento desse tipo de tumor. Os cientistas também descobriram que a gravidade da doença diminui entre pacientes que costumam treinar mais.

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A metodologia utilizada é a randomização mendeliana, na qual os cientistas se baseiam em variantes genéticas para fatores de risco modificáveis (como o sedentarismo) que afetam a saúde. 

“Avaliamos se a atividade física ao longo da vida ou o tempo sedentário, avaliado pelo genótipo, pode estar causalmente associado ao risco de câncer de mama geral, pré/pós-menopausa e por grupos de casos definidos pelas características do tumor”, escreveram os autores do estudo da Divisão de Epidemiologia de Câncer da Universidade de Melbourne, na Austrália.

Genética e estilo de vida

Em pesquisas anteriores foi possível constatar que o DNA pode influenciar na predisposição à prática de exercícios, fazendo com que algumas pessoas tenham mais vigor físico, resistência e capacidade aeróbica do que outras.

Para esse estudo, os cientistas cruzaram essas variantes com as práticas relatadas pelas entrevistadas e com os registros de saúde dessas mulheres, como o fato de elas terem ou não passado pela menopausa, se tiveram algum tipo de câncer e o estágio.

Aproximadamente 131 mil mulheres foram avaliadas, a partir de 76 estudos já realizados. Com esses dados, foi possível constatar que mulheres que praticam atividade física e possuem predisposição genética à prática de exercícios têm 38% a 41% menos chance de desenvolver câncer de mama. 

“Nosso estudo fornece fortes evidências de que maior atividade física geral, maior atividade vigorosa e menor tempo sedentário provavelmente reduzem o risco de câncer de mama”, afirmam os autores, que defendem que a adoção de estilos de vida ativos pode reduzir a carga do câncer mais comum entre as mulheres.