O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, anunciou nesta sexta-feira que a Eritreia vai retirar suas tropas da região de Tigré (norte da Etiópia), onde Adis Abeba iniciou uma operação militar em novembro para expulsar as autoridades dissidentes.

“Em minhas discussões com o presidente (eritreu) Issaias Afeworki durante minha visita a Asmara, o governo eritreu aceitou retirar suas forças além das fronteira da Etiópia”, anunciou o primeiro-ministro em um comunicado.

O anúncio foi feito após o reconhecimento na terça-feira por parte de Abiy Ahmed da presença de tropas eritreias na região, pela primeira vez desde o início da operação militar de Tigré.

O primeiro-ministro etíope, que visitou Asmara na quinta-feira, determinou em 4 de novembro uma intervenção militar para derrubar o partido governante na região, a Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF, na sigla em inglês), depois de acusar as tropas do movimento de atacar bases do exército federal.

O governo declarou vitória em 28 de novembro, mas os combates persistem.

No comunicado, Abiy Ahmed recorda que a TPLF lançou foguetes contra a capital da Eritreia, o que “incitou o governo eritreu a atravessar a fronteira com a Etiópia, a prevenir outros ataques e a salvaguardar a segurança nacional”.

O vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2019 afirmou ainda que o exército etíope será mobilizado nas áreas em que estão posicionadas as tropas eritreias, particularmente na fronteira.

Procurado pela AFP, o ministro eritreu da Informação, Yemane Gebremeskel, não reagiu ao anúncio até o momento.

As tropas de Asmara parecem ter desempenhado um papel militar fundamental na campanha militar de Adis Abeba contra as forças de Tigré, junto com o exército etíope.

Também foram muito questionadas por várias organizações de defesa dos direitos humanos e por muitos habitantes de Tigré – alguns deles falaram à AFP -, que denunciam massacres de civis desarmados e atos de violência sexual em larga escala.