27/01/2023 - 9:47
Em um edifício simbólico na cidade russa de Volgogrado, dezenas de adolescentes aguardam, antes de fazerem o juramento para ingressar no “Exército de Jovens”, um movimento patriótico criado em 2016.
A cerimônia acontece no Museu da Batalha de Stalingrado, nome pelo qual a cidade ficou conhecida quando o Exército Vermelho lutou contra os soldados da Alemanha nazista por 200 dias.
A vitória das tropas soviéticas se tornou um elemento central do patriotismo russo.
Em uma das salas emblemáticas do museu, decorada com mármore branco e emblemas que glorificam o Exército Vermelho, um grupo de adolescentes aguarda, vestidos com calças na cor bege e bonés vermelhos.
Em poucos dias, em 2 de fevereiro, será comemorado o 80º aniversário desta vitória.
“Juram ser sempre fiéis à Mãe Pátria?”, pergunta à qual os jovens respondem em coro: “Juro!”.
A poucos metros de distância, pais assistem a seus filhos prestarem juramento perante líderes políticos, veteranos de guerra e algumas das lideranças locais de Yunarmiya, nome deste “exército de jovens” criado em 2016 pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu.
Entre os pais, está Daria Chertkova, de 31 anos. Seu filho Stanislav, de 12, decidiu aderir “em sã consciência”, e “nós o apoiamos”, disse ela à AFP.
Em sua família, explica, o patriotismo e o apego ao passado são valores importantes.
Na Rússia, o patriotismo e a glorificação do passado há muito fazem parte do programa educacional, mas, nos últimos anos, ganharam uma nova dimensão. Sob o governo do presidente Vladimir Putin, essas duas palavras são onipresentes no discurso público, nas escolas, nas mentes e nas organizações juvenis.
A ofensiva russa na Ucrânia deu-lhes um novo impulso, depois que o presidente justificou a operação especial pelo fato de os russos enfrentarem hoje, assim como seus avós no passado, nazistas que querem destruir a Rússia.
De acordo com o site do “Exército de Jovens”, mais de 1,2 milhão de adolescentes entre 8 e 18 anos ingressaram em suas fileiras desde 2016.
– “Mais patriótico” –
A professora Yuliya Chernishova, de 42 anos, que acompanhou seus alunos, acredita que esse tipo de movimento juvenil é “muito importante em nosso tempo”.
Chernishova conta que levou seus alunos para visitarem um grupo de soldados russos feridos na Ucrânia, e eles presentearam esses militares com uma peça de teatro.
“Também escrevemos cartas de Ano Novo” que foram enviadas aos soldados do “front”, acrescenta.
O “Exército de Jovens” foi descrito como a versão russa dos movimentos soviéticos Pioneiros e Komsomol.
Lilia, que trabalhava no teatro de fantoches de Volgogrado, diz que “fazia de tudo” quando participava dessas organizações juvenis comunistas.
“Fui pioneira, Komsomol e uma pequena outubrista”, explica esta avó, vestida com um casaco de pele e óculos roxos. Ela reflete sobre a diferença com o atual “Exército de Jovens”.
“Acho que é ainda mais patriótico”, afirma.