05/11/2021 - 19:18
Em comparação ao mês de agosto deste ano, a produção industrial do Brasil registrou um recuo de 0,4% em setembro. Além disso, 10 das 25 atividades industriais analisadas tiveram queda, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O economista Paulo Gala, mestre e doutor em economia pela pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, analisa os dados divulgados e comenta sobre o cenário econômico do país.
“Aumentou a probabilidade de queda do PIB, os últimos dados que temos divulgados continuam vindo piores. Temos o dado da produção industrial que mostra isso, já que caiu 0,4% em setembro e também a revisão de dados do emprego divulgado pelo Caged que mostrou-se bem menor do que se imaginava.”
Os resultados divulgados também registraram queda de 3,9% em relação a setembro de 2020. Na comparação de setembro com agosto, os setores que tiveram queda mais drástica foram: produtos alimentícios (-1,3%) e metalurgia (-2,5%).
“O mercado de trabalho está em uma situação bastante ruim e tudo isso em um cenário em que o Banco Central resolveu aumentar a taxa de juros em mais 1,5%.
A última divulgação da ata do Copom já confirmou o aumento de pelo menos 1,5% na próxima reunião. Então, estamos com uma carga de juros bastante pesada”, comenta Paulo Gala.
Outros setores que tiveram perdas importantes foram: ramos de couro, artigos para viagem e calçados (-5,5%), outros equipamentos de transporte (-7,6%), bebidas (-1,7%), indústrias extrativas (-0,3%), móveis (-3,7%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,7%).
Já nos setores que tiveram alta, podemos citar, principalmente, o segmento de farmoquímicos e farmacêuticos (6,5%), outros produtos químicos (2,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,0%) e máquinas e equipamentos (1,9%).
“A indústria brasileira já está com o quarto mês consecutivo de queda para se ter uma ideia. Então, um cenário mais provável que a gente tem pela frente é uma economia patinando, provavelmente, entrando em recessão. Talvez não com dois trimestres, mas pelo menos um trimestre de queda de PIB com uma inflação ainda alta, com um juros bastante alto e com uma situação fiscal também problemática. O ano de 2022 vai ser um ano bastante desafiador, além de ser um ano de eleições.”