18/02/2025 - 16:21
Astrônomos do Observatório Europeu Austral (ESO) conseguiram mapear em 3D a atmosfera de um exoplaneta situado a 900 anos-luz, revelando um “clima único” com ventos potentes que transportam ferro e titânio, segundo um estudo publicado nesta terça-feira (18).
“É como um filme de ficção científica”, afirma Julia Victoria Seidel, pesquisadora do ESO e autora principal do estudo, publicado na Nature.
“A atmosfera deste planeta se comporta de uma maneira que desafia nossa compreensão sobre o funcionamento das condições meteorológicas, não apenas na Terra, mas em todos os planetas”, explica em um comunicado do ESO.
WASP-121b, também conhecido como Tylos, é um exoplaneta com características semelhantes às de Júpiter, porém ultraquente, e está situado a 900 anos-luz da Terra, na direção da constelação Puppis.
Esse gigante gasoso está tão próximo de sua estrela que completa uma órbita em apenas trinta minutos terrestres.
Um de seus lados é escaldante, pois está sempre voltado para a estrela, enquanto o outro é muito mais frio. Esse contraste extremo de temperaturas levanta um enigma climático: como a energia é distribuída?
Ao combinar os quatro telescópios do Very Large Telescope (VLT) do ESO, no Chile, os astrônomos puderam analisar simultaneamente três camadas diferentes da atmosfera de Tylos.
Os especialistas rastrearam, em particular, os movimentos do ferro, do sódio e do hidrogênio, o que lhes permitiu reconstruir os ventos nas camadas profunda, média e superficial.
Os pesquisadores descobriram um sistema meteorológico complexo: uma corrente de jato faz a matéria girar ao redor do equador do planeta. Em níveis mais baixos da atmosfera, um fluxo distinto move o gás do lado quente para o lado frio.
A corrente de jato cobre metade do planeta, aumentando progressivamente sua velocidade e agitando violentamente a atmosfera na parte mais alta, ao atravessar a face quente de Tylos.
“Mesmo os furacões mais violentos do Sistema Solar parecem tranquilos em comparação”, explica Seidel, que destaca que “esse tipo de clima nunca foi observado antes em nenhum planeta”.
As observações também revelaram a presença de titânio logo abaixo da corrente, enquanto estudos anteriores não haviam detectado esse elemento, possivelmente porque estava oculto nas profundezas da atmosfera.
“É realmente incrível que possamos estudar detalhes como a composição química e as condições meteorológicas de um planeta a uma distância tão grande”, ressalta Bibiana Prinoth, pesquisadora da Universidade de Lund, na Suécia, e coautora do estudo, citada pelo ESO.