Na corrida entre as empresas para atrair talentos em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, os benefícios oferecidos podem ser o fiel da balança. Uma nova pesquisa da Robert Half, especialista em seleção de talenos, revela que a maioria das pessoas entrevistadas (58%) está satisfeita com os auxílios e incentivos que recebe atualmente. Entretanto, 77% gostariam de alterações devido às mudanças no mercado de trabalho.

Como consequência da volatilidade do mercado de trabalho, o ranking de benefícios vem passando por mudanças nos últimos anos. Os resultados do estudo indicam alguns benefícios que não estão presentes na lista das empresas, mas são altamente valorizados por profissionais. A primeira discrepância envolve o bônus acordado. Esse benefício foi citado pelos profissionais como um poderoso instrumento de motivação, pois reconhece e recompensa os esforços de maneira tangível. 

Em seguida, ganha relevância a flexibilidade de horários e modelos de trabalho, cada vez mais valorizada no ambiente profissional moderno. A possibilidade de trabalhar remotamente ou escolher horários que melhor se adequem às necessidades individuais tende a aumentar a satisfação da equipe, reduzir o estresse e melhorar a produtividade. 

Por fim, o auxílio educacional também está presente apenas na listagem das pessoas. Investir na educação do time serve para incrementar habilidades e conhecimentos, beneficiando a empresa, que passa a contar com uma equipe mais qualificada e preparada para enfrentar os desafios do mercado. Além de demonstrar que a empresa valoriza o crescimento das pessoas, esse auxílio pode fortalecer o compromisso mútuo.

“Os benefícios devem ser encarados como uma ferramenta estratégica. Investindo em opções que atendam às expectativas de profissionais, as empresas se diferenciam e ganham competitividade. Além disso, é preciso considerar que os auxílios têm influência na decisão das pessoas ao aceitar uma nova proposta de emprego”, reforça Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.

10 benefícios mais oferecidos x 10 benefícios mais desejados

PosiçãoEmpresasProfissionais
1Vale-refeiçãoBônus acordado (anual, trimestral, mensal)
2Vale-transporte (público)Flexibilidade de horário e modelo de trabalho
3Plano odontológicoPrevidência privada
4Seguro de vidaVale-alimentação
5Plano de saúdePlano de saúde
6Auxílio mobilidadeVale-refeição
7Celular da empresaPlano odontológico
8Apoio psicológicoSeguro de vida
9Auxílio-combustívelAuxílio educacional
10Previdência privadaEstacionamento


O peso dos benefícios na negociação salarial

Entre as pessoas atualmente empregadas, 57% afirmam que, caso os benefícios que julgam importantes não sejam ofertados, é importante negociar melhor o salário em uma possível movimentação. Entre as desempregadas, 51% levam os auxílios em consideração, mas não como um fator decisivo.

Dados do Panorama de Benefícios Brasil levantado pela Alelo em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontam que no segundo trimestre de 2024, os brasileiros que receberam benefícios corporativos (Vale-alimentação e Vale-Refeição, combinados) tiveram um acréscimo equivalente a 32% à renda mensal em junho, acumulando uma soma média de R$ 941,2 à renda média recebida no período (R$ 2.941).

Os dados da Robert Half ainda indicam que profissionais valorizam a possibilidade de escolher benefícios de acordo com suas necessidades individuais (80%). No entanto, apenas 15% das empresas oferecem essa opção.

“Embora o salário seja um aspecto crucial, esses dados demonstram que os benefícios não podem ser negligenciados, pois têm um impacto significativo na atração e retenção de talentos. As empresas, cientes desses aspectos, podem considerar os benefícios como parte da proposta de remuneração total”, orienta Mantovani.

O estudo inclui dados de duas pesquisas: uma realizada em maio de 2024, por meio de questionário online com 1.161 profissionais, divididos em três grupos de 387 pessoas cada – tomadores de decisão nas empresas, profissionais empregados e profissionais desempregados. E a segunda, realizada em julho de 2024, com 1.000 profissionais e 500 executivos.