13/12/2013 - 21:00
O setor sucroalcooleiro brasileiro deve colher a maior safra de cana-de-açúcar de sua história, algo em torno de 600 milhões de toneladas, na temporada que se iniciou em setembro (2013/2014). Além do incremento de 10% em relação à safra anterior, quando o País colheu 532 milhões de toneladas, essa projeção reforça a expectativa de recuperação do setor. Afinal, nos últimos dois anos, mais de 50 usinas de pequeno e médio porte encerraram suas atividades, sufocadas por um forte endividamento.
Segundo Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), 2011 e 2012 foram anos complicados para o setor, que enfrentou uma tempestade perfeita: problemas técnicos no campo, climáticos e de falta de competitividade no mercado de combustíveis. “Foi um período complicado para usinas de pequeno e médio porte”, diz Pádua Rodrigues. “As que não fecharam acabaram tendo grandes prejuízos.” Nesse cenário desfavorável, o Grupo Bazan, um dos mais tradicionais do País, fundado em 1942 no município de Pontal (SP), vencedor do ranking setorial de AS MELHORES DO MIDDLE MARKET, conseguiu operar praticamente incólume.
Com capacidade de processar 7 milhões de toneladas de cana por ano, o grupo mostrou quanto vale a experiência e fechou 2012 com uma receita líquida da ordem de R$ 394 milhões, queda de apenas 2,7% na comparação com os R$ 405 milhões da temporada anterior. Num período em que tanta gente fechou o balanço no vermelho, o grupo obteve um lucro de R$ 15,1 milhões. Em entrevista recente, Ângelo Bazan, presidente da empresa, afirmou que o segredo para evitar prejuízos é manter os custos baixos.
Com isso, a maior preocupação do grupo é em relação à gestão de seus ativos industriais e de seus canaviais próprios. Para ele, são de fundamental importância a manutenção e o investimento na modernização, tanto no campo quanto dentro da usina. Segundo Pádua, antes da mecanização dos canaviais, movimento intensificado a partir de 2010, 70% dos custos para produção de um quilo de açúcar e um litro de etanol vinham do campo. Hoje, com as máquinas e seus operadores, os custos no campo caíram para 50%.
“Com as margens apertadas, sem esse cuidado no campo, as usinas teriam prejuízos em vez de lucro”, diz Pádua Rodrigues, da Unica. A experiência está na raiz do grupo. Fundada inicialmente como produtora exclusiva de aguardente, a usina só resolveu apostar no etanol com a chegada do Proálcool, em meados dos anos 1980. Na década seguinte, com a leve derrocada nas vendas de carros movidos a álcool, o grupo inaugurou uma unidade para a produção de açúcar, com o objetivo de reduzir custos e os riscos financeiros da atividade. Por fim, em 2002, o grupo adquiriu a Usina Bela Vista, também de Pontal, ampliando a produção de adoçantes e açúcar.