12/05/2021 - 23:58
A humanidade enviou cerca de 30 espaçonaves e pousadores ao Planeta Vermelho desde o início da era espacial. No dia 18 de fevereiro, Perseverance – um veículo espacial do tamanho de um carro – pousou em Marte levando consigo uma ampla gama de ferramentas, instrumentos, incluindo um um helicóptero do tamanho de uma caixa de lenços de papel.
Com tantas visitas ao país vizinho, será que humanos contaminaram Marte com vida? Um artigo publicado pelo geneticista Christopher Mason, da Universidade Cornell, no site da BBC levantou essa questão.
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Embora a Nasa e seus engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) tenham protocolos precisos e completos para garantir que suas espaçonaves estejam livres de quaisquer organismos que possam inadvertidamente pegar carona em uma missão espacial, dois estudos recentes destacam como alguns organismos podem ter sobrevivido ao processo de limpeza e também a viagem a Marte e também a rapidez com que as espécies microbianas podem evoluir no espaço.
Para exemplificar, o geneticista lembrou que as espaçonaves são construídas em ambientes de limpeza classificados como ISO-5 (a escala vai do ISO-1, instalações mais limpas, ao ISO-9, menos limpas), com filtros de ar e controles biológicos rigorosos. Só que é quase impossível chegar a zero biomassa. “Micróbios estão na Terra há bilhões de anos e em todo lugar. Estão dentro de nós, nos nossos corpos e ao nosso redor. Alguns deles podem se esgueirar até mesmo pelas salas mais limpas”, destacou Christopher Mason.
A ideia, então, é saber quais micróbios podem ser achados nessas salas limpas e se eles podem sobreviver ao vácuo do espaço. Nas instalações do JPL, foram encontrados algumas dessas partículas com potencial para serem problemáticas nas missões espaciais. Elas são resistentes à radiação e formam biofilmes em superfícies e equipamentos, além de sobreviver à dessecação e prosperar em ambientes frios.
As salas acabam por se tornar uma lugar para o processo de seleção evolucionária dessas minúsculas vidas mais resistentes, justamente as que têm mais chances de sobreviver a uma ida até Marte. A preocupação aqui é, então, não levar nada que ameace organismos já existentes no planeta vermelho.
Mesmo que nossa exploração do Sistema Solar tenha inadvertidamente transportado micróbios para outros planetas, é provável que eles não sejam os mesmos de quando saíram da Terra. Um dos perigos de levar essas vidas microscópicas a Marte é confundir cientistas como algo local. “Os cientistas precisam ter certeza de que qualquer descoberta de vida em outro planeta é genuinamente nativa lá, ao invés de uma falsa identificação de uma contaminação de aparência alienígena, mas crescida na Terra”, acrescentou o geneticista.
Mas, há formas de separar. A proveniência dos micróbios se esconde no DNA e um projeto, que envolve mais de 100 cidades pelo mundo, cataloga dados genéticos terráqueos que podem ser comparados ao que for encontrado em Marte, quando as primeiras amostras do planeta vermelho chegarem à Terra, em 2032, após a primeira missão com humanos para lá, marcada para 2028.