Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A exportação do milho do Brasil à China, após a conclusão de um protocolo entre os governos dos dois países nesta semana, ainda requer um acordo sobre equivalência de transgênicos para ser finalmente viabilizada, afirmou a associação de produtores Abramilho nesta quarta-feira.

Os chineses têm interesse em realizar acordo de equivalência regulatória de milho transgênico para permitir comércio, até porque já teriam feito compras antecipadas do cereal brasileiro para embarque em setembro, segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira.

Ele destacou que o Brasil deverá colher uma safra recorde em 2021/22 e teria excedente para exportar cerca de 30 milhões de toneladas no ciclo para todos os destinos, podendo assim atender demandas da China.

“Com a evolução do protocolo, ótimo. Agora o segundo passo é aprovação das biotecnologias, o que precisa ter maior agilidade”, disse ele, à Reuters.

Silveira explicou que a China importa transgênicos aprovados em outros países semelhantes aos existentes no Brasil, mas mesmo assim é preciso um acordo de equivalência de biotecnologia.

O protocolo entre os dois países, cuja negociação foi concluída esta semana e deve ser assinado nas próximas semanas, ocorre com a China buscando substituir o milho que normalmente buscaria na Ucrânia, um importante exportador global.

A guerra na Ucrânia interrompeu embarques do país da região do Mar Negro e afetou o comércio global, com importadores lutando por origens alternativas.

Na véspera, o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sergio Mendes, disse à Reuters que seriam necessários cerca de três meses para o governo brasileiro revisar os requisitos fitossanitários para exportar milho para a China antes de os embarques começarem efetivamente.

Silveira avalia que o acordo sobre equivalência não deve demorar.

“Quando a China quer alguma coisa, se as multinacionais dela, a Cofco, querem… tudo é mais ágil quando a China precisa”, opinou.

Ele disse não ter informações sobre volumes que teriam sido negociados com os chineses. Não foi possível confirmar essa informação imediatamente.

Procurado, o Ministério da Agricultura não comentou o assunto imediatamente.

A Abramilho disse que encaminhou correspondência ao Ministério da Agricultura cumprimentando a pasta pelo avanço no protocolo com o governo chinês.

Na carta, assinada pelo ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, a entidade pontuou que a concretização deste fluxo de exportações requer a equivalência regulatória dos eventos biotecnológicos da produção nacional em linha com o que é autorizado para importação por parte de Pequim.

“Neste sentido, a Abramilho sugere aproximação ainda maior entre o Ministério da Agricultura e a CTNBio com o Itamaraty e as embaixadas do Brasil na China e da China no Brasil, com o objetivo de ampliar a interlocução com as autoridades chinesas…”, afirmou a Abramilho em nota.

Silveira disse ainda que o acordo com os chineses deverá lembrar o mercado interno da importância de fechar negócios antecipadamente para a garantia da oferta para a indústria de carnes.

(Por Roberto Samora)

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