De segunda a sexta-feira, o executivo Filipe Bragança, presidente da Integralmédica, fabricante de suplementos alimentares, de São Paulo, acorda às 5h30, mesmo começando seu expediente somente depois das 9 horas. O que motiva o executivo a sair da cama tão cedo são seus treinos diários de musculação e muay thai, arte marcial tailandesa. Assim como ele, uma legião cada vez maior de brasileiros está reorganizando seus horários para manter a boa forma, o que tem impulsionado os negócios da companhia. Principal fabricante nacional de suplementos, como proteínas, aminoácidos e carboidratos, com 30% do mercado, a Integral, que enfrenta concorrentes como a Nutrilatina e a Probiótica, tem crescido a uma taxa de 35% ao ano. 

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Força nas vendas: o CEO Filipe Bragança aposta no mercado

externo para dobrar o tamanho da empresa

 

 

No ano passado, seu faturamento estimado foi de R$ 180 milhões. ?Nossa intenção é dobrar o tamanho da empresa a cada três anos?, diz Bragança. Para atingir a meta e fortalecer sua musculatura , a empresa, fundada no início dos anos 1980 por Euclésio Bragança, pai de Filipe, vai investir no mercado internacional. O primeiro alvo é a América Latina. Mais precisamente Argentina, Colômbia e México, que passarão a receber a partir do início de 2014 os produtos da Integralmédica, que investiu R$ 4,5 milhões na montagem de uma estrutura comercial. O grande passo, no entanto, será dado nos próximos meses. 

 

 

 

Bragança estuda entrar nos Estados Unidos por meio de uma aquisição. ?Estamos analisando a compra de alguma empresa americana?, diz o executivo. Segundo ele, o patriotismo dos americanos explica a preferência pela compra. ?Eles só consomem produtos estrangeiros que não possuam similares nacionais, como o açaí?, diz Bragança. ?Não seria inteligente vender produtos com a nossa marca.? Um dos trunfos da Integralmédica em seu processo de internacionalização é a sua ligação com o Ultimate Fighting Championship (UFC), maior organização de artes marciais mistas (MMA) do mundo, do qual é patrocinadora oficial. 

 

 

 

A empresa também associou sua marca a lutadores consagrados no Brasil e no Exterior, como os campeões mundiais José Aldo e Wanderlei Silva. Esses patrocínios consumiram investimentos de R$ 8 milhões no último ano. ?A exposição trazida pelos parceiros é o que vai nos garantir o sucesso da empreitada internacional?, diz Bragança.No ano passado, o mercado americano de suplementos nutricionais movimentou US$ 11,5 bilhões. Os números são vistosos, mas atuar na terra do Tio Sam não é fácil. ?O resultado proporcionado é o principal marketing do suplemento nutricional. 

 

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Luta pelo mercado: para ser reconhecida lá fora, a Integral

patrocina lutadores de MMA, como José Aldo

 

Por isso, muitas empresas adulteram seus produtos com substâncias proibidas?, afirma Jocelito Martins, educador físico e oficial de controle antidoping da Agência Mundial Antidoping (Wada). ?As empresas brasileiras fabricam produtos com qualidade suficiente para concorrer com os importados, mas esses problemas dão a sensação ao consumidor de que os brasileiros são inferiores.? Em comparação aos americanos, no entanto, os brasileiros são fracos em matéria de consumo de suplementos. Por aqui, o faturamento das empresas do setor, em 2012, foi de R$ 600 milhões. Apesar de modesto em relação aos EUA, o valor é quatro vezes maior do que o registrado em 2007. 

 

 

 

A expectativa para 2013 é ultrapassar os R$ 700 milhões. ?Representávamos algo tão pequeno que nem éramos relevantes?, afirma Synésio Batista, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos (Brasnutri). ?Ainda temos um enorme potencial.? As ocorrências com o doping chegaram a incomodar a Integralmédica. Dois de seus produtos foram retirados do mercado, em 2007: um por conter substância dopante e outro por não ter autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para comercialização. ?Novas análises comprovaram um falso positivo. Entramos com processo contra a Agência e ganhamos?, afirma Bragança.

 

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