As exportações da China registraram seu primeiro recuo em sete anos em 2023, conforme dados oficiais publicados nesta sexta-feira (12), números que colocam luz sobre a tensão com os Estados Unidos e o impacto da fraca recuperação da economia global.

As exportações caíram 4,6% em 2023, a primeira contração anual desde 2016.

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Nos últimos meses do ano, as exportações registraram uma alta, mas esses números interanuais são comparados ao fraco desempenho de 2022, um período marcado pelas políticas contra a covid-19.

As vendas para o exterior são um componente-chave do crescimento da economia chinesa nas últimas quatro décadas, e esses números coincidem com a publicação dos dados dos preços ao consumidor que mostraram que o país está em deflação pelo terceiro mês consecutivo.

A tendência também reflete a mudança geopolítica, já que o comércio anual com os Estados Unidos caiu pela primeira vez em quatro anos. As trocas comerciais com a Rússia bateram recorde, no entanto, apesar da pressão internacional para isolar Moscou depois da ofensiva na Ucrânia.

“A complexidade, a gravidade e a incerteza do entorno externo aumentam, e temos de superar essas diferenças e fazer um esforço maior para continuar impulsionando o crescimento do comércio exterior”, afirmou o vice-ministro do Escritório Geral de Alfandêgas, Wang Lingjun.

Os dados de 2023 também mostraram que as importações caíram 5,5%.

– A ameaça da deflação –

A diminuição da demanda por bens importados se reflete nos dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que contraiu 0,3% em dezembro, em termos interanuais, prolongando a deflação pelo terceiro mês consecutivo.

A inflação na China em 2023 foi de 0,2%, segundo dados do Escritório Nacional de Estatística, um grande contraste com outras grandes economias que registram um aumento dos preços que complica o trabalho dos bancos centrais e prejudica os consumidores.

Em julho, pela primeira vez desde 2021, a China caiu em deflação e, depois de um breve aumento em agosto e setembro, os preços voltaram a se contrair a partir de outubro.

A deflação faz os bens se tornarem mais acessíveis. Representa, porém, um desincentivo econômico, já que muitos consumidores adiam suas compras com a expectativa de uma queda dos preços ainda maior.

Isso desacelera a demanda e pode levar as empresas a cortar a produção, congelar contratações, ou reduzir suas plantas.

– Recorde do comércio com a Rússia –

Os dados do comércio mostraram que o volume das trocas entre China e Rússia aumentaram 26,3% e chegaram a um recorde de 240 bilhões de dólares (1,1 trilhão de reais).

Pequim e Moscou se aproximaram politicamente e estreitaram seus vínculos econômicos desde que a Rússia lançou sua ofensiva na Ucrânia em fevereiro de 2022.

A China argumenta que é neutra, mas se nega a condenar a invasão lançada por Moscou, uma postura criticada pelas potências ocidentais.

No mesmo período, o volume do comércio entre China e Estados Unidos diminuiu 11,6%, a 664 bilhões de dólares (3,2 trilhões de reais), sua primeira queda desde 2019.