25/03/2019 - 8:37
Quem passou pela Avenida Paulista neste domingo, 24, se deparou com uma inusitada “homenagem” a todos os ex-governadores de São Paulo – representados por bustos de Luiz Antônio Fleury Filho (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB). O problema é que aos se aproximarem das obras, as pessoas tinham reações parecidas com a do aposentado José Martinez Soares, 67 anos. “Amigo, que cheiro ruim é esse?”
Pois é, os bustos foram feitos em moldes computadorizados 3D e, depois, esculpidos com argila e material retirado do Rio Pinheiros. Ou seja, principalmente lama. O cheiro característico do rio pôde ser sentido por pelo menos uma quadra (na altura do número 1.230 da Paulista).
O responsável pela exposição foi o movimento Volta Pinheiros – que aproveitou o Dia Mundial da Água (comemorado na última sexta-feira, dia 22) para conscientizar a população sobre o descaso com o Rios Pinheiros e Tietê e alfinetar a classe política.
“Representamos Fleury e Alckmin, mas esse é um protesto contra todos os ex-governantes que prometeram recuperar os rios da cidade, limpar, despoluir, e até beber a água deles, mas que ao deixarem seus cargos, deixaram também a sujeira e o descaso”, comentou o publicitário Marcelo Reis, um dos coordenadores do movimento.
Além dos dois governadores citados, um busto sem rosto também foi instalado no local – para representar os outros políticos que não resolveram os problemas de poluição dos Rios Pinheiros e Tietê. Um púlpito vazio também foi colocado no lugar. Ele estava reservado para o atual governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB). “A pergunta que queremos fazer é se ele quer fazer parte dessa ‘homenagem’ ou vai trabalhar para resolver a poluição dos rios. Será que ele irá fazer parte dessa exposição ao final do mandato?”, perguntou Reis.
Casos exemplares
A população que apreciou os bustos aprovou a iniciativa. “O mais triste é que a gente sabe que é possível. Outros países já despoluíram seus rios. Olha o que aconteceu em Paris, com o Sena… Tem outros exemplos pelo mundo também. Aqui parece que a coisa não anda por falta de interesse político”, comentou o psiquiatra Maurício Antônio de Almeida Prado, 58 anos.
“Eu já tenho idade suficiente para ter ouvido todas as promessas que esses políticos fizeram. Um dia acreditei que iria nadar nesses rios… Errado sou eu que cai nessas conversinhas”, complementou o aposentado Luciano Farias Fraga, de 69 anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.