O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, disse nesta quinta-feira, 9, em evento do Itaú BBA, que a instituição considera que o ciclo de flexibilização monetária vai até o ponto necessário para assegurar a inflação na meta central, de 3% nos próximos anos. “Temos tratado a extensão do ciclo como a gente colocou na ata: vai ser aquela necessária para levar a inflação para a meta, sem dizer quanto vai ser cada componente. Estamos mirando a inflação na meta no horizonte relevante”, comentou Guillen, ao responder que o BC não observa apenas a inflação de serviços, embora esta seja um bom sinalizador da dinâmica dos preços.

E declarou: “Não acho que tenhamos mudado a ponderação. Desde setembro enfatizamos que a função de reação passa por projeções, expectativas, balanço de risco, hiato do produto e inflação de serviços.”

Guillen pontuou que a inflação de serviços teve queda esperada nos últimos meses, como contribuição da própria desinflação no índice geral. Apesar disso, frisou, o BC não mira apenas um nível para os preços dos serviços.

Ele atribuiu as elevações das projeções de inflação para 2024 e 2025 na comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom) aos preços administrados, categoria onde entram os combustíveis, além do hiato do produto. “Em 2024, teve um efeito de preços administrados. Tem alguns temas, e chamaria mais atenção para petróleo. Nossa hipótese de petróleo é que ele segue a curva futura de petróleo durante seis meses, depois 2%”, afirmou.

Guillen acrescentou que, no primeiro semestre, houve surpresas positivas sobre a atividade, o que apertou o hiato do produto. Esse hiato, pontuou, ajuda a explicar a inflação. “Um hiato mais apertado é uma inflação mais elevada. Acho que teve esse efeito também de puxar a inflação”, afirmou negando que tenha havido alguma mudança de parâmetros. “Se houver, vamos ser transparentes, mostrar modelo, tratamento usual”, completou.