01/07/2023 - 14:15
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disse que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível foi “pedagógica” para a extrema-direita saber participar do jogo democrático. A Corte eleitoral entendeu, no julgamento finalizado nesta sexta-feira, 30, que o ex-chefe do Executivo usou do cargo para espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação, na tentativa de ter ganhos eleitorais, atacar o Tribunal e fazer “ameaças veladas”.
“No meu entender, a decisão do TSE foi pedagógica”, disse Gleisi, que participou de um painel do 26.º Foro de São Paulo, evento que reúne diversos partidos de esquerda da América Latina. “Não tem como você participar de um jogo se você atenta contra as regras do jogo. Foi exatamente o que Bolsonaro fez. Desde que assumiu o mandato, ele vem atentando contra a democracia.”
Para Gleisi, o bolsonarismo seguirá vivo mesmo depois da ausência de Bolsonaro nos próximos pleitos, mas fica uma lição. “É óbvio que essa decisão não tira a extrema-direita do jogo político. O bolsonarismo continua aí. Isso vai dar dimensão a eles até onde eles podem ir. Se eles não tiverem os limites, também não vão poder continuar”, afirmou.
O julgamento do TSE que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos teve início na quinta-feira, 22, foi concluído nesta sexta-feira, por cinco votos a dois. O ex-presidente não poderá disputar as eleições municipais de 2024 e 2028 e as eleições gerais de 2026. O prazo de inelegibilidade começa a ser contado a partir do primeiro turno das eleições – 2 de outubro de 2022. Então, ele poderá concorrer novamente às eleições gerais em 2030, por apenas quatro dias. Daqui a sete anos, o pleito será realizado em 6 de outubro.
No terceiro dia do evento, a presidente do partido participou um debate sobre redes sociais da esquerda. Ela afirmou que há uma grande diferença em comparação com a extrema-direita. “Temos um diferencial de estrutura monstruoso. Os financiadores (da extrema-direita) são grandes, e não temos a mesma estrutura. A gente conta com a militância, com a luta. O que não podemos é deixar de nos articular, estarmos organizados”, disse, lembrando da articulação com produtores de conteúdo “contrahegemônicos” nas eleições de 2022.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o protagonista do primeiro dia do Foro de São Paulo, na quinta-feira, 29. Em discurso, ele elogiou os ditadores Fidel Castro e Hugo Chávez, disse “se orgulhar” do rótulo de comunista e afirmou que é preciso manter as críticas aos partidos de esquerda reservadamente, “entre amigos”.
“Precisamos tentar discutir os nossos erros para que a gente possa corrigi-los. Entre amigos, a gente conversa pessoalmente. A gente não faz críticas públicas porque as críticas interessam à extrema-direita”, afirmou Lula.
Também participaram do evento inaugural figuras do PT ofuscadas pelo mensalão, como José Dirceu e Delúbio Soares. Delúbio ainda distribuiu um livro em que chama o escândalo de corrupção de “farsa”.