19/01/2024 - 11:07
Cotado para presidir a Vale, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi defendido pelo chefe da de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que destacou as qualificações do aliado para ocupar um cargo na empresa. A indicação de Mantega foi de Lula (PT), enquanto se aproxima o fim do mandato de Eduardo Bartolomeo.
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As movimentações do governo para que Mantega se torne CEO ou conselheiro da Vale, que foi privatizada no governo FHC e que desde então sempre foi alvo de críticas sobre a falta de ascendência estatal, têm causado forte reação negativa do mercado.
Nos 13 pregões deste ano da bolsa paulista, as ações da mineradora fecharam em baixa em 12 deles, acumulando no período queda de mais de 10%, o que equivale a uma perda da 37,2 bilhões de reais em valor de mercado.
O mandato do atual CEO da empresa, Eduardo Bartolomeo, termina no final de maio e, conforme uma fonte do Palácio do Planalto, a definição sobre quem vai comandar a companhia tem de sair em breve.
Desde o ano passado Lula gostaria de colocar Mantega no comando da Vale, disse a fonte à Reuters, mas a repercussão negativa e os desafios relacionados aos próprios trâmites e regras da companhia levaram o governo a considerar emplacar o ex-ministro ao menos como conselheiro da mineradora.
Em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o ministro de Minas e Energia disse nesta quinta-feira que não se está fazendo uma “imposição” à empresa e que não há qualquer decisão tomada, mas ressaltou o direito do governo de discutir o assunto e defendeu as qualificações de Mantega.
“É claro que não é possível ninguém fazer nenhuma imposição à Vale. Agora, é um direito do governo sentar como acionista da Vale, mesmo minoritário, para discutir qual a melhor estratégia e a estratégia convergente entre o interesse do acionista e o interesse do país”, disse Silveira a jornalistas, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
“Mas aqui eu quero fazer um registro. O ex-ministro Mantega é o ministro mais longevo no cargo de ministro da Fazenda da história da República. É alguém extremamente preparado, professor universitário, que reúne todas as condições”, ressaltou.
Um dos principais formuladores econômicos do PT, Mantega foi o ministro da Fazenda mais longevo do país, tendo ocupado o posto entre março de 2006 e o fim de 2014 nos governos Lula e Dilma.
O ex-ministro chegou a ser preso em 2016 em uma fase da operação Lava Jato. Na época, o PT chamou a detenção de “arbitrária, desumana e desnecessária”.
Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal anulou investigações da Lava Jato que envolviam Mantega por considerar a 13ª Vara de Curitiba incompetente para cuidar do caso.