A Fórmula 1 desembarca em Monza para a realização do Grande Prêmio da Itália, 16ª etapa da temporada 2022 da categoria máxima do automobilismo mundial. A prova em solo italiano costuma ser uma grande festa dos “tifosi”, os fanáticos torcedores da Ferrari.

Em uma nova fase na sua relação com o público, a Fórmula 1 atraiu novos torcedores por sua presença nas redes sociais e pelo documentário “Drive to Survive”, produzido e disponibilizado pela Netflix.

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Mas para quem não se considera nenhum expert sobre a categoria e deseja assistir a corrida deste domingo (11), trouxemos alguns tópicos para se sentir mais familiarizado com a Fórmula 1 e o GP da Itália

Monza: o templo da velocidade

O circuito italiano de Monza tem longa história na Fórmula 1, uma pista onde a alta velocidade sempre se fez presente. Nos anos de 1950 e 1960 o circuito utilizava um trecho com curvas inclinadas, como nas pistas ovais dos Estados Unidos, o que permitia aos pilotos contornar as curvas em altas velocidades, sem aliviar o pé do acelerador. Esse trecho da pista italiana foi imortalizado no filme Grand Prix, de 1966. Confira:

https://www.youtube.com/watch?v=7HA71tYl640

Por questões de segurança, as curvas inclinadas foram abandonadas e não são mais utilizadas, apesar de elas ainda existirem dentro do circuito.

O 1º Título Brasileiro

A pista italiana também faz parte da história brasileira na Fórmula 1. Foi ali que Emerson Fittipaldi conquistou o primeiro de seus dois títulos mundiais (1972 e 1974), se tornando o primeiro brasileiro a se sagrar campeão mundial na categoria a bordo de um carro da extinta equipe Lotus.

Uma pista perigosa. Às vezes mortífera

As altas velocidades de Monza também custaram a vida de alguns pilotos durante os anos 1960 e 1970, período em que a segurança na categoria era precária. Em 1961, o alemão Wolfgang Von Trips foi tocado pelo escocês Jim Clark e seu carro decolou em direção a torcida, provocando a morte do piloto e de mais 14 torcedores. Von Trips, que disputava o título daquela temporada, foi o primeiro grande piloto alemão a se destacar na Fórmula 1, o que só aconteceria de novo nos anos 1990 com Michael Schumacher.

Em 1970, o austríaco Jochen Rindt perdeu a vida depois de sua Lotus ficar sem freio durante os treinos. Líder do campeonato, Rindt não foi alcançado pelos adversários nas etapas restantes e se tornou o único campeão póstumo da categoria.

E em 1978, o sueco Ronnie Peterson morreu na largada do GP da Itália. A corrida marcava a estreia do semáforo para sinalizar a largada (antes a corrida tinha início com uma bandeira verde), mas o diretor de prova acionou a luz verde antes dos carros do fim de grid estarem parados, o que fez que estes chegassem em velocidade maior na primeira curva, embolando todos os carros. Na confusão, Peterson foi jogado contra o guardrail, provocando uma explosão em sua Lotus. Além das queimaduras, o sueco teve fraturas nas pernas, e faleceu no dia seguinte por uma embolia causada pelas lesões nos membros inferiores.

Por muitos anos, o recorde de velocidade máxima da Fórmula 1 era obtida em Monza, com marcas acima de 370 km/h, mas o recorde atual foi obtido na longa reta da pista de Bakku e pertence ao finlandês Valtteri Bottas, em 2016, que alcançou 378 km/h. Mas Monza vai seguir trazendo velocidades máximas próximas dessas marcas.

Alta tecnologia

A Fórmula 1 sempre foi conhecida pela sua excelência no desenvolvimento de novas tecnologias. Surgiram na categoria os motores turbo, os discos de freio de carbono, o câmbio com trocas de marchas no volante entre outras inovações técnicas.

Praticamente tudo que acontece dentro do carro de Fórmula 1 é monitorado pelas equipes nos boxes. Dados do motor, temperatura dos freios, pressão dos pneus e sua temperatura, e configurações do motor elétrico são transmitidos em tempo real para os boxes. E sim, o carro de Fórmula 1 de hoje tem dois motores, um a combustão como o do seu carro, e um elétrico, abastecido pela energia gerada pelos freios e pelo calor dos escapamentos.

Apesar de já existir a tecnologia para a equipe alterar algumas configurações das máquinas com elas acelerando na pista, isso é proibido por regulamento. Então as equipes, ao notar algum problema nos carros, conseguem instruir os pilotos para realizar essas alterações através do volante do carro, que conta com mais de 20 botões e uma tela.

Alta tecnologia costuma ser muito cara e as principais equipes chegaram a gastar US$ 400 milhões por ano para brigar por títulos e vitórias, o que levou a uma grande diferença as estruturas apoiadas por grandes montadoras de automóveis e equipes menores. Para tentar diminuir essa diferença, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) estipulou um teto orçamentário de US$ 145 milhões. Ou seja, teoricamente nenhuma equipe pode gastar mais que este valor em 2022.

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Reprodução Twitter Aston MartinCarro da Aston Martin nos treinos em Monza com sensores para auxiliar no acerto do carro (Crédito:Reprodução Twitter Aston Martin)

Melhor nível técnico dos pilotos em toda a história

Enquanto os mais saudosistas adoram falar que nos anos 1980 e 1990 é que haviam bons pilotos e boas disputas, na verdade a Fórmula 1 nunca teve um nível tão alto em relação aos pilotos.

A Fórmula 1 dos últimos anos reuniu pilotos com conquistas e títulos nas categorias de base e acostumados a vencer. Um dos primeiros nesse sentido foi o britânico Lewis Hamilton, que teve sua carreira desde o kart apoiada pela McLaren, onde conquistou seu primeiro título na categoria em 2008. Em 2013, Lewis se mudou para a Mercedes para conquistar mais seis títulos mundiais (2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020). No total são 103 vitórias e 103 pole positions, o que o coloca como o maior nome na história da categoria.

Mas essa hegemonia vem sendo ameaçada por um holandês, que foi contratado pela Red Bull quando tinha apenas 17 anos. Max Verstappen tem toda sua passagem pela Fórmula 1 atrelada ao time das bebidas energéticas, que dão prioridade total ao piloto. O resultado disso foi o emocionante título conquistado em 2021 numa disputa até a última curva da temporada contra Hamilton. Neste ano, o holandês vem dominando a temporada e tem tudo para garantir seu segundo título mundial.

E jovens pilotos cheios de talento estão presentes em quase todas as equipes. A Ferrari aposta suas fichas no monegasco Charles Leclerc, a McLaren no britânico Lando Norris, a Mercedes também tem outro britânico de enorme potencial, George Russell.

Na contramão dessa tendência está o veterano Fernando Alonso, bicampeão da categoria (2005 e 2006), que atualmente corre pela equipe Alpine e já garantiu mais dois anos na Fórmula 1 ao mudar para a Aston Martin a partir de 2023.

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Max Verstappen, atual campeão da categoria e favorito ao título em 2022 (Crédito:Reprodução Twitter Red Bull)