O Brasil deu um passo significativo hoje em direção à autossuficiência na produção de insulina glargina com a inauguração da nova fábrica da Biomm, em Nova Lima (MG). A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva, os ministros Nísia Trindade (Saúde), Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Alexandre Silveira (Minas e Energia), autoridades e empresários, entre eles, o membro do conselho de administração da Biomm, Walfrido Mares Guia, o CEO da companhia, Heraldo Marchezini, e o presidente do Conselho da Cedro Participações, Lucas Kallas, que pertence ao grupo de acionistas.

O investimento total na nova unidade é de R$ 800 milhões e coloca a companhia em um novo patamar dentro do complexo industrial farmacêutico brasileiro. Desde o anúncio do aumento de capital estruturado e ancorado pelo Banco Master para dar sustentação financeira ao plano de expansão, em 6 de fevereiro, as ações da companhia subiram 218%, de R$ 5,15 para R$ 16,39 no fechamento do pregão de ontem na B3.

O valor total do aumento de capital foi de R$ 271 milhões, sendo R$ 150 milhões estruturados pelo Banco Master, sob o comando do presidente do banco, Daniel Vorcaro. A Cedro Participações investiu mais cerca de R$ 80 milhões para manter em 8% a participação que já tinha na empresa e dar suporte ao investimento. O restante veio dos fundadores – Walfrido Mares Guia, Marcos Mares Guia, André Emrich e Italo Betane, donos de 24% do capital – e de outros investidores que já faziam parte da sociedade, como a gestora de private equity TMG, dona de 8% do negócio; o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com 6%; e a XP, com 3%.

Fotos: Phillipe Guimarães/Phills

Com 12 mil metros quadrados de área construída e tecnologia de ponta, a fábrica assegura 80% da demanda interna por insulina glargina e leva à autossuficiência nacional na produção do insumo. A fábrica tem capacidade para produzir 20 milhões de unidades por ano de carpules (refis) e, em breve, de canetas de insulina glargina. Além disso, também tem capacidade para fabricar 20 milhões de frascos de outros biomedicamentos.

Na semana passada, a Biomm anunciou ainda um acordo com a indiana Biocon para iniciar a produção do biossimilar do Ozempic, utilizado no tratamento do diabetes e obesidade, no último trimestre de 2026, quando a expira a patente do medicamento pela Novo Nordisk, cujo princípio ativo é a semaglutida. Com isso, a farmacêutica brasileira fortalece sua posição de liderança dentro do setor de medicamentos do chamado portfólio de metabolismo. Somente nos últimos dias, as ações da companhia subiram em mais de 30%. “A reestruturação de capital foi decisiva para assegurar que a Biomm alcance uma posição estratégica no mercado farmacêutico brasileiro, se tornando um laboratório ícone, em nível mundial, para itens de alta complexidade”, afirmou Daniel Vorcaro, do Banco Master, na ocasião do anúncio da fábrica.

A retomada da produção faz parte de um conjunto de iniciativas do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), que tem o objetivo de retomar a produção de insumos estratégicos para o setor farmacêutico, garantindo a independência nacional no tratamento de uma das doenças que mais cresce no mundo.

Fábrica da Biomm em Nova Lima (MG)

Só no Brasil, há cerca de 16 milhões de adultos diabéticos, de acordo com o Atlas do Diabetes. E, até 2045, a perspectiva é de que o número irá aumentar para 23 milhões, acompanhando a tendência global de alta. Mas, mesmo com a demanda crescente, ainda são poucos os fabricantes de insulina no mundo.

Sem dúvida, a nova fábrica da Biomm dá um grande passo para a autonomia da saúde no Brasil e a presença da Cedro Participações contribuiu de maneira relevante para que o projeto fosse executado. Essa parceria é mais um avanço e consolida nossa presença também no setor de saúde, em uma área tão sensível quanto o diabetes, impactando na vida de milhões de pessoas”, ressaltou Kallas, da Cedro Participações.