Quem pretende importar qualquer equipamento hospitalar tem de passar por uma verdadeira via-crúcis no País. Burocrática e financeira. Primeiro, é preciso que o fiscal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vá até o fornecedor, no Exterior, inspecionar as normas de fabricação e o padrão de qualidade do produto. Os custos, estimados em R$ 35 mil, em média, são bancados pelo importador. Depois, haja paciência, pois a certificação pode demorar até dois anos. Para cortar caminho e abreviar a entrega de encomendas, a BMR Medical, de Curitiba, importadora de bombas descartáveis para quimeoterapia, resolveu investir na nacionalização de insumos para o setor. 

 

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Receita: o CEO Martinelli ao lado da futura fábrica, na qual investe R$ 50 milhões

 

Até o final do ano, a empresa inaugura sua fábrica em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba, onde está investindo R$ 50 milhões. ?Com isso, não ficaremos tão suscetíveis à variação cambial e ao imposto de importação?, afirma Rafael Martinelli, sócio e CEO da BMR Medical. ?Esse será o nosso diferencial para crescer.? Ele não divulga o faturamento, mas a expectativa é de que, com o empreendimento, o negócio dobre de tamanho até 2016. Martinelli está de olho em um segmento da área médica que movimenta US$ 5 bilhões por ano, dos quais US$ 4,5 bilhões se referem às importações, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos Médicos (Abimo). 

 

O principal item do portfólio da BMR é utilizado no tratamento de câncer. Com a bomba descartável, o paciente pode deixar mais cedo o leito hospitalar e continuar o tratamento em casa. ?Além de ser uma solução economicamente viável, tirá-lo do hospital diminui o risco de infecções?, diz. Na prática, a BMR está nacionalizando a produção de um item comprado da Paragon, controlada pela americana Kimberly-Clark. A transação, ocorrida em 2011, incluiu o direito de sua comercialização em todo o mundo. 

 

Desde então, o empresário vem abastecendo os clientes brasileiros com bombas fabricadas em um laboratório de Boston, nos EUA. O item representa 60% das vendas da BMR. A unidade em construção no Paraná será uma espécie de fábrica de saúde. De sua linha de montagem sairão cerca de 30 itens além das bombas, como cateteres, infusores para quimioterapia, agulhas de biópsia, entre outros. Martinelli também quer atender os concorrentes que, assim como ele, se consideram prejudicados pela burocracia. ?Já recebemos muitas propostas para produzir equipamentos sob encomenda?, afirma. ?Não vamos deixar escapar nenhuma oportunidade de negócio.?

 

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