25/07/2021 - 20:20
O policial militar da reserva Fabrício Queiroz reclamou de um suposto abandono por parte de aliados da família Bolsonaro, de quem foi próximo por muitos anos, em uma publicação em rede social na manhã deste domingo, 25. Ele e o ex-chefe, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), foram denunciados por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no caso das “rachadinhas”. Queiroz, inclusive, foi preso há pouco mais de um ano em uma casa do advogado Frederick Wassef, advogado de Flávio. Ele está há quatro meses em liberdade.
A foto compartilhada por Queiroz em seu perfil no Facebook foi postada originalmente em 2018 e mostra o ex-assessor junto do presidente Jair Bolsonaro, do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), do assessor especial da Presidência Max Guilherme, e do assessor parlamentar Fernando Nascimento Pessoa, que trabalha no gabinete de Flávio. “É! Faz tempo que eu não existo pra esses três papagaios aí! Águas de salsichas, literalmente!!! Vida (que) segue…”, escreveu Queiroz na legenda da publicação.
O Estadão entrou em contato com Queiroz por meio da caixa de mensagem de seu Facebook questionando o ex-assessor sobre o significado da publicação, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
Nos comentários, no entanto, ele respondeu aos comentários de alguns seguidores. Um deles escreveu que Queiroz seria “só mais uma vítima de milhares que virão por aí”, a que o ex-assessor respondeu: “Não sou nenhuma vítima. (No) post faço referência a três pessoas, que são ingratas. Mais nada. Não tem nada a ver com o presidente”.
Em outro comentário, o ex-assessor afirmou que a sua “metralhadora tá cheia de balas”. Já para um usuário que publicou a frase “Quem é de verdade sabe quem é de mentira”, Queiroz se limitou a dizer: “Bando de pela-saco!!!”.
Nem todos os comentários foram de apoio ao ex-assessor: alguns críticos apareceram por lá também. “Coloquei uma pegadinha e achei vários PTralhas”, escreveu Queiroz.
O ex-assessor foi preso em Atibaia (SP) em junho de 2020 em uma casa de Frederick Wassef, então advogado de Flávio Bolsonaro na investigação de suposta prática de “rachadinha” na Alerj. Wassef deixou a defesa de Flávio no caso poucos dias depois da prisão.
O paradeiro de Queiroz foi um mistério por quase dois anos. O Estadão revelou em dezembro de 2018 que ele havia feito movimentações atípicas no período em que foi assessor no gabinete de Flávio na época em que ele era deputado estadual. O Ministério Público apontou o ex-assessor como operador do esquema de desvios. Funcionários “fantasmas” repassavam ao assessor seus salários. Ele, por sua vez, ajudaria o filho do presidente a administrar o montante e a “lavar” o dinheiro. Queiroz e o parlamentar negam terem cometido irregularidades.
A relação entre Queiroz e o clã Bolsonaro remonta aos tempos do Exército, quando conheceu Jair. Foi nomeado para um cargo de confiança no gabinete de Flávio por indicação do hoje presidente da República. Oficialmente, era motorista do parlamentar, mas na prática era uma espécie de “faz-tudo” da família.
Redes sociais
Depois de ter a prisão domiciliar revogada pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em março deste ano, Queiroz voltou a circular pelo Rio e recuperou o hábito de usar as redes sociais com frequência — algo pouco frequente nos dois anos em que era investigado pelo Ministério Público.
Em maio, publicou até vídeo usando o slogan do presidente Bolsonaro na corrida eleitoral de 2018 – “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” – e frequentou até manifestação de apoiadores do governo federal. Mais recentemente, postou três vídeos em que pratica tiro em um clube da Barra da Tijuca, no Rio.