07/12/2007 - 8:00
Depois de um ano tão tumultuado, com o cenário financeiro mudando de cor a cada instante, você deve estar ansioso quanto ao que vem pela frente em 2002. Mas como é cada vez mais complicado fazer projeções neste mundo instável, que tal cuidar da saúde do seu dinheiro e criar músculos para enfrentar a maratona financeira? Será que não está na hora de sentar e rever todo o orçamento? Então, vamos lá. Teste o seu potencial financeiro, examine os gastos, olhe de perto para onde foi cada centavo, identifique seus objetivos. Enfim, faça um check-up geral do seu portfólio.
O primeiro passo é calcular as receitas e despesas. O modelo é parecido com os balanços financeiros das empresas. Numa lista, coloque os patrimônios e rendimentos. Em outra, os gastos fixos ? moradia, lazer, transporte, alimentação e vestuário ? mais as dívidas. Assim, você poderá identificar quanto cada uma de suas despesas leva dos seus ganhos. ?Gastar mais de 40% dos recursos com a moradia é um indício de má gestão do dinheiro próprio. É uma parte de poupança que está indo embora?, exemplifica João Adamo, diretor do MaxBlue, serviço de consultoria financeira pessoal do Deutsche Bank.
A partir daí, será possível definir uma estratégia para aumentar a parcela de recursos que sobra para os investimentos. Corta daqui, ajusta dali. No final, a proporção entre todos os seus ativos e passivos estará alinhada. As contas serão feitas, claro, considerando o seu estilo de vida e padrão econômico. Nada mais é do que uma fórmula para saber qual o seu real potencial de poupança. ?Um bom salário não basta para garantir estabilidade financeira. Precisa ser bem administrado. Em geral, as pessoas investem menos do que podem?, diz Adamo.
Agora, pense num ativo que você nunca incluiu no portfólio de investimentos: você mesmo. Nesses tempos de instabilidade econômica, mais do que nunca, é necessário considerar a possibilidade de desemprego.
Por isso, feitas as adequações do orçamento, o passo seguinte é criar um fundo de reserva, uma parcela exclusiva para essa finalidade. Ter recursos em mãos para uma emergência é fundamental para se ter um portfólio saudável. Estará nesse cofre a proteção da saúde financeira da sua família. ?O ideal é reunir o equivalente a no mínimo três salários ou rendimentos mensais?, diz Louis Frankenberg, consultor financeiro pessoal.
Objetivos. Na terceira etapa, defina seus objetivos financeiros no curto e longo prazo. Toda aplicação precisa ter uma meta a ser alcançada, senão é o mesmo que viajar sem destino. Se você vai comprar um casa de praia terá uma estratégia bem diferente de quem pretende curtir um ano sabático no exterior.
Como exemplo, os consultores financeiros montaram um portfólio para o pagamento da futura faculdade do filho. Hoje, um curso conceituado de quatro anos custa na faixa R$ 75 mil. Considerando que os pais começassem a investir no primeiro ano de vida da criança, eles teriam de poupar apenas R$ 300 por mês, com rendimento anual de 5%. Afinal, contam com o prazo de 16 anos para concluir o projeto financeiro. A carteira de investimentos começaria bem diversificada, com um mix de fundos DI, renda fixa pré-fixada e bolsa. Nos últimos anos, o portfólio ficaria mais conservador, para reduzir os riscos de perdas. Caso acrescentassem uma etapa de estudos no exterior, precisariam ter ainda uma aplicação em fundo cambial.
Uma vez que você conseguiu colocar o portfólio em forma, só resta cuidar da manutenção. O ideal é rever as contas a cada semestre. As aplicações devem ser modificadas conforme as alterações do cenário econômico. É aconselhável também fazer uma checagem extra, em casos de mudanças no orçamento ou nos rumos dos objetivos financeiros.