Se 2018 foi um ano problemático para o Facebook, 2019 não está se mostrando nem um pouco melhor. Apenas entre abril e maio (que está em seu sexto dia no momento da publicação desta nota), a empresa de Mark Zuckerberg já coleciona a polêmica de ter armazenado milhões de senhas da rede social sem criptografia e sem consentimento dos usuários e também de ter se omitido em questões que lidavam com violência contra a mulher em seus ambientes digitais.

Um terceiro caso surgiu nesta segunda-feira (6). Segundo a Reuters, o Facebook contratou o serviço de uma empresa indiana para treinar sua inteligência artificial através de funcionários que analisam postagens da rede social e as categorizam para criar um banco de dados e treinar algoritmos. A matéria foca na empresa WiPro, que contratou mais de 260 funcionários que trabalham analisando diversas posts para classificar seu conteúdo (como selfie, foto de comida), ocasião (aniversário, casamento, festa entre amigos) e a intenção do autor (fazer uma piada, informar, inspirar outros).

O grande problema disso tudo é que parte do conteúdo analisado era privado – compartilhado apenas para um grupo específico de pessoas – que vão desde postagens, passando por compartilhamentos, vídeos, fotos e stories de Facebook e Instagram. Segundo a reportagem, os funcionários analisam cerca de 700 posts ao dia e a própria rede social confirmou ter outros 200 projetos deste tipo espalhados pelo mundo.

A atividade não é incomum no mundo da tecnologia, com diversas empresas que estão desenvolvendo inteligências artificiais, seja para programas de computador ou para carros autônomos, utilizando a prática para treinar os algoritmos. Na China, diversos escritórios trabalham com classificação de imagens para que sistemas autônomos consigam identificar ciclistas e pedestres na ruas (como os CAPTCHAS de verificação do Google). O cerne da questão está na privacidade das postagens analisadas pelo Facebook, que podem trazer conteúdos sensíveis e os nomes e informações das pessoas envolvidas.