Por Elizabeth Culliford

NOVA YORK (Reuters) – O Facebook não adicionou marcadores a metade das postagens de divulgação dos dez principais negacionistas de mudanças climáticas, de acordo com uma análise do Centro de Combate ao Ódio Digital, com base no Reino Unido.

A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira, vem à tona após notícias de que os advogados da delatora do Facebook Frances Haugen apresentaram uma nova queixa à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos neste mês, alegando que a empresa enganou os investidores sobre seus esforços para combater as mudanças climáticas e a desinformação sobre a Covid-19.

A empresa disse no ano passado que adicionaria avisos informativos a alguns posts sobre mudanças climáticas, para direcionar os usuários a sua página Climate Science Information Center (Centro de Informações Científicas sobre o Clima, em tradução livre).

O Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH) identificou em novembro uma lista de 10 veículos de mídia digital cujas publicações representavam por cerca de 69% das interações totais no Facebook com conteúdo negacionsta em relação às mudanças climáticas. O órgão nomeou o grupo de “Dez Tóxicos” (Toxic Ten, em inglês)

Nesta semana, o CCDH afirmou que, em uma análise de 184 postagens de publicações com conteúdo negacionista sobre o clima desses 10 veículos, verificou-se que 50,5% delas não tinham os avisos informativos.

A CCDH disse que analisou postagens publicadas entre maio de 2021 e janeiro de 2022, depois que a Meta anunciou que o recurso de avisos informativos havia sido lançado em vários países, incluindo os EUA.

“Durante o período de tempo deste relatório, não tínhamos implementado completamente nosso programa de rotulagem, o que muito provavelmente impactou os resultados”, disse o porta-voz da Meta, Kevin McAlister. A Meta disse que a fase inicial de seu programa foi direcionada apenas a postagens vistas por um pequeno subconjunto de usuários.

No entanto, entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, cinco das 12 postagens analisadas pelo CCDH não tinham etiqueta.

“A Meta continua afirmando que se preocupa com as mudanças climáticas, mas não conseguiu impedir a disseminação de desinformação sobre as mudanças climáticas em sua plataforma”, disse o presidente-executivo do CCDH, Imran Ahmed, em comunicado.

A CCDH também quer que a Meta divulgue dados sobre a eficácia de seus avisos.

“Não há soluções únicas para impedir a disseminação de desinformação, mas estamos comprometidos em construir novas ferramentas e políticas para combatê-la”, disse McAlister, porta-voz da Meta, em comunicado.

(((Reportagem de Elizabeth Culliford))

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