09/11/2021 - 2:53
Uma investigação interna do Facebook, realizada há alguns anos, registou o impacto que a rede social tem no sono, relações pessoais e no trabalho de cerca de 12,5% dos seus usuários. O estudo faz parte dos documentos compartilhados pela ex-funcionária Frances Haugen.
A ex-funcionária veio a público acusar a empresa de não proteger seus usuario pelo discurso de ódio e desinformação. De acordo com documentos que o The Wall Street Journal teve acesso, uma pesquisa interna do Facebook concluiu que 12,5% dos usuario da rede social, ou seja, cerca de 360 milhões dos 2,9 bilhões de usuarios, manifestaram problemas devido ao uso compulsivo do aplicativo.
+ Denunciante do Facebook defende potencial de projeto europeu de regulamentação digital
O estudo aponta que um em cada oito usuario reportaram que o uso do aplicativo afeta o sono, o trabalho, as relações e até os deveres parentais. A pesquisa diz que estes padrões de vício se manifestam mais nos aplicativos sociais do Facebook, do que em outras grandes plataformas.
O jornal diz que a investigação interna sobre o impacto nocivo da rede social no dia-a-dia dos seus utilizadores foi lançada há vários anos por uma equipe focada em mitigar os comportamentos danosos. A equipe sugeriu diversas correções, tendo sido implementadas algumas. Mas o grupo acabou sendo encerrado em 2019. Já os resultados foram revelados numa apresentação interna em março de 2020, por membros da equipe inicial, de forma a encorajar outros a continuar o seu trabalho.
Entre as descobertas do estudo, alguns usuários manifestaram perder o controle do tempo que passam no Facebook e as respetivas consequências na sua vida. A perda de produtividade por estarem sempre verificando o Facebook, perderem o sono por ficarem até tarde navegando na rede social, assim como a degradação das relações pessoais, substituídas pelo tempo online, estão entre os assuntos registados nos documentos.
Uma representante do Meta respondeu ao jornal afirmando que a empresa tem trabalhado nos últimos meses para começar a formular novos esforços para corrigir as “utilizações problemáticas”, além de outras preocupações de bem-estar, como a imagem do corpo ou saúde mental. No entanto, refere que este tipo de problemas não se passa apenas no Facebook, mas em outras tecnologias, incluindo a televisão e smartphones. “Temos um papel a cumprir, por isso construímos ferramentas e controlos para ajudar as pessoas a gerir quando e como utilizam os nossos serviços”, afirma a empresa em comunicado ao The Wall Street Journal.
Na pesquisa, é escrito que o seu comportamento não é considerado um vício clínico porque este não afeta o cérebro das pessoas, da mesma forma que outros vícios, como as apostas ou as substâncias. Mas num dos documentos, foi referido que atividades como compras, sexo e uso do Facebook, quando feitos de forma repetitiva e excessiva, pode causar problemas para algumas pessoas.
Por outro lado, parte da pesquisa é inconclusiva no que diz respeito a determinar, por exemplo, se o Facebook causa problemas de dormir aos seus usuario, ou se as pessoas que estão com insónias devido a stress variado, usam a rede social como meio de distração. Levando a equipe incentivando outros colegas que continuassem a aprofundar a pesquisa.