O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, negou um pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para suspender uma ação penal que investiga se o petista recebeu propina da empreiteira Odebrecht.

A defesa de Lula queria a suspensão do processo até um pronunciamento final do Comitê de Direitos Humanos da ONU. O comitê já se posicionou a favor de o ex-presidente poder se candidatar nas eleições 2018, mas por 6 a 1 o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro de Lula.

O único voto a favor do registro de Lula naquele julgamento veio do ministro Edson Fachin, para quem a posição do comitê atinge apenas a situação eleitoral de Lula e não a esfera criminal do petista, preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato.

A defesa de Lula alega que o comitê da ONU recomendou que o Brasil não pratique ato para prejudicar a análise do mérito pelo comitê de um recurso de Lula contra sua condenação. Para os advogados do ex-presidente, o julgamento de Lula não é justo e imparcial e o juiz federal Sérgio Moro não poderia julgar uma nova ação até o caso ser examinado pelo comitê.

“Quanto às alegações atinentes ao comitê da ONU, como citado, a matéria não se enfeixa em exame preambular atinente ao campo especificamente da seara penal, verticalização compatível apenas com a análise de mérito. Sendo assim, por não verificar ilegalidade evidente, sem prejuízo de ulterior reapreciação da matéria no julgamento final do presente Habeas Corpus, indefiro a liminar”, concluiu Fachin em sua decisão.

Delação

No início de outubro, o juiz federal Sérgio Moro levantou o sigilo de trecho da delação do ex-ministro Antonio Palocci, que foi incluída na ação penal. Segundo Palocci, Lula sabia, desde 2007, do esquema de corrupção na Petrobras desmantelado pela Operação Lava Jato.

Segundo o ex-ministro – que foi um dos mais poderosos auxiliares de Lula, especialmente no primeiro mandato, quando ocupou a pasta da Fazenda -, a distribuição de diretorias da petrolífera tinha como objetivo captar recursos ilícitos para campanhas do PT e de partidos aliados.

O levantamento do sigilo ocorreu às vésperas do primeiro turno e está sendo apurado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).