O mercado recebeu nesta semana a notícia de que a Instant Brands, marca responsável pelas travessas de vidro Pyrex, entrou com pedido de falência nos Estados Unidos. 

Outra gigante no ramos dos vasilhames, a Tupperware, também vem passando por sérias dificuldades para sinalizar ao mercado que suas contas estão indo bem. Mas, por que marcas tão consagradas, que viraram sinônimos de qualidade e artigos confiáveis, estão prestes a quebrar? 

+Oi tem prejuízo líquido de R$ 1,267 bilhão no 1º trimestre

Para o coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) Ahmed El Khatib a tradição não basta se as empresas não acompanharem as mudanças no mercado consumidor e se renovarem. 

“Acreditar que a marca, apenas por ser tradicional ou centenária, trará novos consumidores de forma orgânica é um erro comum em empresas que não se arriscam com novos produtos e novas participações no mercado”, disse. 

Mudança no perfil do consumidor

Pyrex e Tupperware eram garantia de qualidade em artigos para a cozinha em um mundo em que uma vida em família era o desejo da maioria das pessoas. Ahmed acredita que os consumidores mais jovens estejam com outras prioridades na comparação com a geração anterior, e isso interfere diretamente em seus hábitos de consumo. 

“Para o público mais jovem, ter um pote de plástico ou uma travessa de vidro não faz parte dos seus ‘sonhos de consumo’. A mudança no perfil de consumo é um fator importante que contribui para a perda de valor dessas marcas. Os jovens estão cada vez mais conectados à internet e têm acesso a informações e opções de compra que não existiam nas décadas passadas”, acredita. 

Como exemplo, o professor usa a forma de venda direta da Tupperware que nunca mudou “mesmo quando essas estratégias de marketing multinível estagnaram nos anos 80 e 90”. 

Cenário econômico também interfere

A falta de inovação e visão de futuro alinhada com um cenário econômico global de alta no custo de vida, juros altos e inflação elevada pode se tornar uma combinação muito prejudicial, já que o poder de compra dos consumidores vem caindo em diversos países. 

“A pandemia, a inflação e as altas taxas de juros também afetaram o poder de compra dos consumidores, que passaram a priorizar gastos essenciais. A indústria plástica, em geral, enfrenta desafios como a alta carga tributária e o aumento do preço da matéria-prima”, apontou Ahmed.