Encontrar um imóvel comercial de alto padrão nas grandes cidades está se tornando cada vez mais difícil. A tarefa é particularmente complicada em São Paulo e no Rio de Janeiro, capitais que concentram as sedes da maior parte das grandes empresas nacionais e multinacionais. São exatamente essas as que procuram os imóveis classe A, como se diz no jargão do mercado. Segundo um estudo feito pela consultoria imobiliária Cushman & Wakefield Semco, a taxa de vacância (relação entre o volume de imóveis disponível e o volume total construído) no final do primeiro trimestre deste ano em São Paulo foi de 12,1%. No mesmo período de 1999, a taxa estava em 15,4%. E a expectativa é que até o final do ano esse número fique em 6% (há quem aposte na estabilidade da taxa em 10% ? confira quadro). O que isso significa para o bolso? ?O valor do aluguel do metro quadrado pode chegar a R$ 70 até o final de 2000. Hoje, está entre R$ 55 e R$ 60?, diz Paul Weeks, da Cushman. Um dos grandes motivos para a escassez é o excesso de demanda. ?Tem gente fechando contrato com o imóvel ainda em construção?, afirma Walter Cardoso, diretor da CB Richard Ellis, consultoria imobiliária internacional.

O que está por trás da escassez? Uma das explicações seria a redução do ritmo de novas construções, provocada pela migração dos fundos de pensão ? os maiores investidores no setor imobiliário ? para shoppings e flats. Segundo a Cushman, em regiões como a da Avenida Faria Lima, em São Paulo, por exemplo, a taxa de vacância deve cair de 26,2% para 5% até o final do ano. Na Avenida Paulista, a queda deve ser bem menor ? de 6,2% para 5,2%. Mas há exceções. A Vila Olímpia, em São Paulo, bairro onde estão se concentrando inúmeras empresas de Internet e de tecnologia, a previsão é de aumento da taxa de vacância de 5,2% para 25%, devido ao maior número de ofertas. No Rio de Janeiro, a falta de espaço é ainda mais séria. A solução deve vir da Barra da Tijuca, bairro que está em desenvolvimento e onde há muitos centros empresariais em construção.

Depois do boom de lançamentos de prédios de escritórios de alto padrão nos últimos dois anos, o mercado deu uma freada. Portanto, quem está atrás de imóveis comerciais de primeira linha deve ficar atento. A expectativa é que em 2001 a situação comece a se reverter, pois o que está em construção começará a ficar pronto. Enquanto isso não acontece, há quem indique a compra como uma boa opção. Segundo um cálculo hipotético, imagine que o metro quadrado custe R$ 3 mil e o alugado, R$ 50. Se você conseguir financiar a compra pagando juros de 12% ao ano, por exemplo, conseguirá amortizar a dívida pagando aproximadamente R$ 30 o metro, por mês. Muito menos do que o aluguel. Com juros de 18%, sairá por cerca de R$ 45 o metro. Ainda assim mais barato que a locação.