10/05/2006 - 7:00
Essa história foi muito ouvida nos primórdios da internet. Corria 1999, quando Guilherme Pacheco, executivo do mercado financeiro impressionado com o crescimento da rede, comentou com quatro amigos planos de se lançar nos negócios virtuais. Começaram a desenhar o que se transformaria no site de comparação de preços Bondfaro, lançado em 2000 com investimentos do Banco Fator. Foi aí que estourou a bolha da internet. Enquanto alguns superaram a crise, outros foram à bancarrota. O Bondfaro, que tem como símbolo um aguerrido perdigueiro, se encaixou no primeiro caso. Em 2003, com a explosão do consumo on-line, o Bondfaro encontrou sua trilha: comparar preços tornou-se essencial para os que procuram as melhores ofertas de compra e venda. O resultado é que no ano passado, segundo o Ibope, o Bondfaro foi o site de comércio eletrônico que mais cresceu em 2005, com taxa de 143%. Entre seus concorrentes, nomes como Terra e Yahoo! ficaram para trás. O segundo na lista foi o Buscapé, com 89% de crescimento no mesmo período.
Com 1,8 milhão de usuários cadastrados, o Bondfaro não revela quantos visitantes recebe por dia. Ao ano, faz 103 milhões de pesquisas. Na semana passada o site tinha catalogados mais de 3 milhões de produtos. Embora tenha 50 funcionários, a atualização de preços é feita de forma automática e permanente, através de um programa criado pela própria empresa. Ele faz varreduras da rede e visita as lojas cadastradas em busca de preços novos. Quando encontra, atualiza a informação no site. A última novidade do Bondfaro foi a introdução de uma ferramenta de vídeo em que um apresentador exibe os produtos, comentando funcionalidades e vantagens oferecidas por cada um. Foi uma resposta à cultura brasileira (e latina) de só acreditar naquilo que pode ver e tocar. Outra aposta bem feita dos jovens empresários foi a aquisição do site Central dos Desejos, que presta um serviço semelhante mas de forma personalizada: o consumidor informa o que está buscando e recebe, pouco depois, por email, a comparação de preços. ?Com eles, conseguimos 1,5 milhão de usuários?, diz Pacheco. ?Foi o que nos permitiu crescer.? Segundo a consultoria e-Bit, o comércio eletrônico brasileiro, que em 2005 movimentou R$ 2,5 bilhões, deve fechar o ano em R$ 3,9 bilhões. Dificuldades como a falta de confiança dos internautas em comprar pela rede estão sendo quebradas aos poucos.
O sucesso no Brasil ajudou na expansão da empresa para o exterior. Com operações no México, Chile e Argentina, o Bondfaro está percorrendo nesses países o mesmo caminho do início da companhia no País. ?O conceito de comparação está surgindo agora na América Latina?, afirma Pacheco. ?O Brasil é um ponto fora da reta, bem mais evoluído?. Por enquanto, as filiais internacionais representam menos de 5% da receita de R$ 11,8 milhões, mas a idéia e que, em cinco anos, o número salte para 15% do total.
R$ 11,8 milhões foi a receita do Bondfaro em 2005. A expectativa para este ano é de R$ 20 milhões