O coreano Mu Hak You, dono da gestora de fundos GWI, é conhecido por fazer apostas pesadíssimas. Na mais recente, a compra de ações do frigorífico Marfrig no mercado a termo, os oito fundos geridos pela GWI perderam mais dinheiro do que tinham. Eles sofreram um prejuízo de R$ 120 milhões e ficaram com um patrimônio negativo de R$ 29 milhões, no começo do segundo semestre deste ano. Desde então, a recuperação dos papéis do frigorífico melhorou a situação dos fundos. Na terça-feira 13 eles somavam um patrimônio líquido de R$ 76,4 milhões, com exceção do GWI Private, que ainda deve R$ 14,8 milhões aos cotistas. Em janeiro, a GWI chegou a deter 5,22% do capital da Marfrig. Nas operações de mercado a termo, o investidor compra uma ação e se compromete a pagar, posteriormente, o preço combinado na data da operação. 

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“BOI” de Cândido Portinari

Para isso, é preciso depositar uma garantia na corretora de ações. Mu Hak You vinha ganhando dinheiro até o dia 8 de agosto, quando a agência de classificação de risco Standard & Poor’s reduziu a nota dos Estados Unidos e as ações da Marfrig caíram 25%. Os fundos só não quebraram porque os cotistas reuniram-se em assembleia e concordaram em congelar os saques e em manter Mu Hak You à frente da gestão. A alta da Marfrig nas últimas semanas está longe de curar todas as feridas nos bolsos dos investidores, e há novos riscos. O maior deles é a possibilidade de os fundos terem de arcar com mais R$ 40 milhões em pagamento para a corretora Socopa, com quem o coreano trava uma disputa na Câmara de Arbitragem da BM&FBovespa.  

A corretora afirma que a GWI não honrou seus compromissos e ela teve que cobrir as perdas com as garantias na bolsa. Por sua vez, a GWI sustenta que a corretora foi precipitada e vendeu as ações antes do que deveria, derrubando as cotações e aumentando o prejuízo. “A GWI não deve nada à Socopa porque a perda na conta margem não existiria se eles tivessem aguardado, como as demais corretoras”, diz Antonio Carlos Versola, advogado da GWI. Procuradas, Socopa e Câmara de Arbitragem não comentaram o assunto. A disputa ainda vai longe. Segundo Versola, só deverá haver uma solução para o caso daqui a um ano. Até lá, a permanência dos investidores nos fundos da GWI vai depender de sua confiança em Mu Hak You, que, até agora, não parece ter sido abalada. 

 

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