01/08/2019 - 13:43
FAST COMPANY. Em menos de três semanas, exatamente no dia 19, empresas dos Estados Unidos não poderão mais realizar negócios com a chinesa Huawei – maior vendedora de equipamentos de telecomunicação e internet do mundo e segunda maior vendedora de smartphones. Isso se o presidente americano, Donald Trump, não voltar atrás. No dia 15 de maio deste ano ele declarou “emergência nacional” para assinar portaria que proíbe a empresas americanas utilizar equipamentos estrangeiros de telecomunicação que coloquem em risco a segurança do país. O destinatário do ato presidencial se chama Huawei, pérola tecnológica da China. É guerra. E não é só comercial. É pelo 5G.
O problema é que a Huawei faz girar um pedaço razoável da economia americana no setor de tecnologia. Apenas em 2018, ela comprou US$ 11 bilhões (cerca de R$ 42,2 bilhões) em componentes de fornecedores americanos. Para se ter uma ideia do estrago, as receitas com vendas do mercado todo brasileiro de notebooks e desktops em 2018 somou pouco menos de R$ 14 bilhões, segundo dados do IDC.
WAR WEI. O QUE TANTO ASSUSTA OS EUA NA HUAWEI
Por esse motivo a Huawei e, especialmente, seus fornecedores americanos aumentaram os gastos com lobby. Segundo uma análise da MapLight, os chineses já investiram neste ano US$ 155 mil – quase tanto quanto os US$ 165 mil durante todo o ano de 2018.
Do lado dos Estados Unidos, entre as empresas mais preocupadas estão os fabricantes de semicondutores, como a Intel e a Qualcomm.
A Intel, maior fabricante de chips dos EUA, gastou US$ 710 mil a mais em seus esforços de lobby até agora do que no primeiro semestre de 2018.
A Qualcomm, que recebe 10% de sua receita da Huawei, aumentou seus gastos de US$ 3,9 milhões no primeiro semestre de 2018 para US$ 4,3 milhões em 2019.
A Broadcom, que citou a proibição da Huawei de cortar sua projeção de receita em US$ 2 bilhões, aumentou seu lobby em mais de US$ 550 mil durante o primeiro semestre de 2019.
Da mesma forma, a Micron Technologies, que já disse a investidores que a proibição pode custar à empresa US$ 200 milhões, aumentou seu lobby em US$ 330 mil.
A Texas Instruments, que recebe entre 3% e 4% de sua receita total da Huawei, é a única empresa que cortou seus gastos com lobby. A empresa de Dallas reduziu os gastos com lobby em US$ 270 mil comparados ao primeiro semestre de 2018.
Há uma possibilidade de Trump recuar ou amenizar os efeitos. Ele indicou isso depois de uma reunião em junho com o presidente chinês, Xi Jinping. O secretário de Comércio, Wilbur Ross, disse que licenças para negociar com a Huawei seriam emitidas “onde não há ameaça à segurança nacional dos EUA”.
Apesar da postura suavizada de Trump, os senadores Tom Cotton, um republicano do Arkansas, e Chris Van Hollen, um democrata de Maryland, apresentaram projeto de lei que exigiria a aprovação do Congresso antes que a proibição pudesse ser rescindida. Um projeto similar foi apresentado na Câmara pelo republicano Mike Gallagher, de Wisconsin.