O movimento islamita Hamas e a Autoridade Palestina deram um novo passo, nesta quarta-feira (1º), para pôr fim a uma década de divisões e confrontos.

Segue abaixo a evolução desta tensa relação:

– Vitória política dos islamitas –

Em 25 de janeiro de 2006, participando pela primeira vez do processo eleitoral, o Hamas saiu vitorioso das urnas nas eleições legislativas, após dez anos de hegemonia do Fatah.

O Conselho Legislativo Palestino (CLP, Parlamento) em final de mandato havia sido eleito em 1996, dois anos depois da criação da Autoridade Palestina.

Em 28 de março, o governo de Ismail Haniyeh (Hamas) toma posse. Os postos-chave são entregues a lideranças do movimento.

– Hamas controla Gaza –

Em janeiro-fevereiro de 2007 e, depois, em maio, partidários do Fatah e do Hamas se opõem em sangrentos confrontos.

Em 14 de junho, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, destitui o governo Haniyeh, após uma violenta semana, e proclama estado de urgência em Gaza.

No dia seguinte, o Hamas persegue as forças fiéis ao Fatah nesse território. Abbas denuncia um golpe de Estado militar.

Em resposta à chegada do Hamas ao poder, Israel reforça seu bloqueio na Faixa de Gaza.

– Três acordos frustrados –

Em 27 de abril de 2011, um acordo prevendo um governo de transição encarregado de organizar eleições é firmado pelo Fatah e pelo Hamas. No início de maio, o texto é confirmado pelo conjunto dos movimentos palestinos, mas os prazos são constantemente adiados.

Em 7 de janeiro de 2012, os dois movimentos assinam um acordo sobre a libertação dos detidos. Em fevereiro, chegam a um entendimento para confiar a Abbas a direção do governo de transição. Contestado no núcleo do Hamas, essa decisão não sai do papel.

Em 23 de abril de 2014, o Hamas e a Organização para Libertação da Palestina (OLP), dominada pelo Fatah, firmam um acordo de reconciliação. Em junho, um governo de unidade é formado, composto de tecnocratas apoiados por ambas as partes.

O governo é incapaz, porém, de exercer sua autoridade em Gaza. Abbas acusa o Hamas de manter um “governo paralelo” no território.

O governo de união nacional fracassa alguns meses mais tarde.

– Pragmatismo –

Em 1º de maio de 2017, o Hamas anuncia um abrandamento em sua carta fundacional, afirmando travar um combate “político”, e não “religioso”, com Israel. E ele aceita a ideia de um futuro Estado palestino limitado à Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza.

Em 6 de maio, Ismail Haniyeh, que defende uma linha pragmática no Hamas em relação a Israel, assume o gabinete político do Hamas.

No fim de junho, na tentativa de melhorar suas relações com o Egito – com o qual o movimento viveu anos de tensão -, o Hamas inicia a construção de uma zona tampão ao longo da fronteira sul com esse país.

– Pressões –

Em março de 2017, o Hamas cria um “comitê administrativo”, visto pelo Fatah como um governo paralelo.

Em represália, a Autoridade Palestina reduz os pagamentos destinados a cobrir o fornecimento de energia elétrica da população local, assim como os salários dos funcionários em Gaza.

Em 17 de setembro, i Hamas anuncia, “em resposta aos esforços (de mediação) egípcios”, a dissolução desse polêmico conselho e convoca o Fatah a novas discussões de reconciliação.

Pela primeira vez desde 2015, o governo de Rami Hamdallah vai à Faixa de Gaza, em 2 de outubro. No dia seguinte, participa de sua primeira reunião em três anos.

– Anúncio de acordo –

Em 12 de outubro, Hamas e Fatah firmam no Cairo um acordo de reconciliação e estabelecem, em 1º de dezembro, um prazo para a transferência de poderes na Faixa de Gaza. Mahmud Abbas deve ir a Gaza em breve, segundo o chefe do Fatah na Faixa de Gaza.

Conforme uma fonte de alto escalão envolvida nas negociações, 3.000 policiais da Autoridade Palestina serão estacionados na Faixa de Gaza e nas fronteiras com Israel e Egito.