Especialista em Previdência, o economista Paulo Tafner afirmou nesta quarta-feira, 12, que “faz todo sentido” apresentar de forma fatiada uma reforma para o sistema brasileiro de aposentadorias e pensões. Na opinião dele, ao dividir a proposta em vários projetos de lei, os grupos de oposição também vão se fragmentar, facilitando a aprovação.

“Se o governo não fatiar a reforma, estará reunindo todas as oposições no mesmo debate, pondo todos os grupos contra”, disse o economista, depois de um participar de um seminário realizado em São Paulo pela FecomercioSP sobre o papel do Estado na economia.

Na visão de Tafner, a discussão sobre a reforma apresentada pelo presidente Michel Temer foi prejudicada porque grupos privilegiados recorreram à situação de grupos menos favorecidos para fortalecer uma narrativa contrária à proposta. “Os servidores públicos, por exemplo, manifestaram severa preocupação com os trabalhadores rurais. Se você fatia e faz uma primeira proposta só para os servidores, eles serão obrigados a admitir que são contra a retirada do próprio privilégio”, argumentou.

Além disso, afirmou o economista, ao fatiar a reforma, cada fatia seria apresentada como um projeto de lei complementar, que exige o apoio de pelo menos 258 deputados, número inferior aos 308 votos necessários para uma emenda constitucional, formato no qual foi apresentada a reforma de Temer.

Num eventual fatiamento, Tafner considera que o ideal seria começar pelos servidores públicos. Depois, passaria para o Exército e, em seguida, para os policiais militares e bombeiros. Os trabalhadores do setor privado ficariam por último.

Tafner, em parceria com o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga e outros economistas, é autor de uma proposta de reforma que foi apresentada à equipe do governo eleito. Segundo ele, a proposta foi bem recebida pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Tafner, inclusive, disse que Guedes parece ter entendido que não dá para criar imediatamente um regime de capitalização, pois não seria financiável.

O economista disse também que tem notado que Guedes está ficando “mais cascudo” com a dinâmica política em Brasília e afirmou que ficou contente com a indicação do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), relator da reforma trabalhista, para o cargo de secretário da Previdência Social e de Leonardo Rolim para o posto de secretário adjunto. Rolim faz parte da equipe que elaborou uma proposta para reforma.