21/03/2017 - 10:33
O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, avalia que a agenda do Banco Central para a redução dos spreads bancários “está indo muito bem”. Para o executivo, não é certa a percepção de que bancos gostam de juro alto.
“Estamos com diagnóstico certo de que esse (o spread) é um problema de custos. Precisamos reduzir os custos para conseguir reduzir o spread”, disse Portugal.
O presidente da Febraban lembrou que estudo do BC mostrou que cerca de 54% do spread é dedicado a cobrir custos relacionados à inadimplência. “Não só porque a inadimplência é alta no Brasil, mas porque a recuperação dos créditos que vão à inadimplência é fraca.”
“Outra coisa são os custos operacionais elevados comparados com outros países e os custos tributários. A parte do lucro é 16% do spread”, disse, ao citar que a parcela para o lucro não é majoritária. “Existe uma visão, às vezes equivocada, de que bancos gostam de juros altos e de spreads altos. Bancos gostam de emprestar, receber de volta o que emprestaram e, para isso, é preciso que exista educação financeira, existam bons projetos e também os custos sejam acessíveis.”
Sobre a dificuldade em recuperar créditos inadimplentes, o executivo cita como exemplo a demora para que a Justiça decida sobre a recuperação de bens. “Às vezes, mesmo quando se tem garantia não se consegue recuperar, porque demora muito.” Por isso, o presidente da Febraban elogia o fato de que, na agenda pela redução dos spreads, o governo tem como um dos focos a melhora da recuperação das garantias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.