23/07/2025 - 18:02
O Ibovespa voltou nesta quarta-feira, 12, à casa dos 135 mil pontos com ganho perto de 1%, porcentual de alta que não era visto na B3 fazia 20 dias. Entre a mínima e a máxima da sessão, o índice oscilou dos 133.676,27 aos 135.782,00 pontos, saindo de abertura aos 134.035,97 pontos. Ao fim, subiu 0,99%, aos 135.368,27 pontos, com giro financeiro enfraquecido a R$ 17,0 bilhões neste meio de semana. Nas três primeiras sessões do intervalo, o Ibovespa acumula avanço de 1,49% e, no mês, ainda cede 2,51% – no ano, aumenta 12,54%.
Com o dólar tocando mínima da sessão a R$ 5,5161 – e encerrando o dia em baixa de 0,79%, a R$ 5,5230 -, o Ibovespa passou a renovar máximas da sessão ainda no começo da tarde, tendo apenas Vale (ON -0,14%), a ação de maior peso na carteira, no campo negativo no encerramento, entre os papéis de primeira linha. Entre os grandes bancos, os ganhos chegaram a 1,64% (Bradesco ON) no fim da sessão. Petrobras mostrou alta de 2,23% na ON e de 2,04% na PN. Na ponta ganhadora do Ibovespa, Raízen (+5,48%), CVC (+4,74%), Natura (+4,27%) e MRV (+4,19%). No lado oposto, WEG (-8,01%), BRF (-1,85%), Vamos (-1,52%) e Santos Brasil (-0,36%).
“O mercado reagiu hoje mesmo em uma situação complexa, com aumento do embate do presidente dos EUA, Donald Trump com o STF. Há uma tendência clara de que os Estados Unidos estão perdendo status de porto seguro com as atitudes do presidente americano, o que favorece diversificação e fluxo para emergentes mesmo considerando os fatores de volatilidade que ainda prevalecem”, diz Felipe Moura, gestor de portfólio e sócio da Finacap Investimentos.
“Sem definição sobre a disputa comercial e outras questões importantes, quem está tomando risco no momento é o ‘smart money’, que não carrega posições para o longo prazo”, observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
Nesse contexto, além da querela sobre o Brasil e sua política doméstica, Trump voltou a criticar hoje por rede social o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, cujo mandato na instituição se estende a maio de 2026. Em publicação na Truth Social, o republicano mais uma vez se referiu a Powell como “atrasado demais” ao insistir que o presidente do BC americano se recusa a reduzir juros, o que, segundo ele, tem prejudicado as famílias, de um modo geral.
Em outro desdobramento, no front brasileiro, as empresas Trump Media, ligadas ao presidente dos Estados Unidos, e o Rumble pediram à Justiça americana que envie ao Departamento de Estado os autos do processo que contesta decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o governo dos EUA considere a aplicação de sanções contra o magistrado e outros ministros da Corte por supostas violações de direitos humanos. O pedido não cita quais ministros, além de Moraes, seriam alvo.
O novo pedido foi apresentado dentro da ação que tramita desde fevereiro no tribunal federal da Flórida, movida pelas duas empresas contra ordens de Moraes. Em meio à escalada do litígio político deflagrado pelos EUA, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que Trump poderia tirar o Brasil do SWIFT, sistema que facilita transações financeiras internacionais, como fez com a Rússia e o Irã.
Contudo, o diretor gerente e economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), Marcello Estevão, avalia que a retirada seria um “completo absurdo”, reporta de Nova York a correspondente da Broadcast, Aline Bronzati. “Comparar o Brasil com países como Rússia ou Irã é injustificável”, diz Estevão, baseado em Washington, na entrevista exclusiva. “Além disso, o SWIFT não é um sistema americano, mas uma rede internacional. Essa hipótese está fora da realidade atual”, acrescenta.
“Apesar de todas as incertezas, tem havido alguns avanços nas negociações lideradas pelos Estados Unidos, com novidades, entre ontem e hoje, para países como Japão, Indonésia e Filipinas – o que ajuda a entender um pouco dessa recuperação vista também na Bolsa brasileira”, apesar do prosseguimento do impasse com o governo Trump, aponta Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.
No mesmo sentido, o anúncio de acordo entre Estados Unidos e Japão para as tarifas reforçou as expectativas de que Donald Trump venha a alcançar o mesmo resultado com a União Europeia, o que levou as bolsas do continente a fechar o dia na maioria em alta e conduziu o FTSE 100, índice de referência de Londres, a recorde histórico de encerramento nesta quarta. Em Nova York, os ganhos na sessão chegaram a 1,14%, no Dow Jones.