04/11/2025 - 17:37
O dólar à vista fechou com alta nesta terça-feira, 4, um dia antes do fim da reunião do Copom. Já o Ibovespa renovou a máxima, mas sucumbiu a ajustes e fechou quase estável, pressionado particularmente pela queda das ações da Vale na esteira do recuo do minério de ferro no exterior e dos papéis da Embraer após resultado trimestral.
A moeda norte-americana subiu 0,77%, cotada a R$ 5,3991.
A aversão a ativos de risco ao redor do mundo, em meio aos receios de uma correção de preços mais profunda no mercado de ações dos EUA, deu força a moeda norte-americana.
“A cautela dos investidores se soma à queda do petróleo e do minério de ferro, que pressiona moedas de países exportadores de commodities. No Brasil, o movimento é amplificado por uma realização de lucros com o real, após o ciclo recente de valorização e à espera da decisão do Copom”, apontou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Às 17h03 na B3 o dólar para dezembro — atualmente o mais líquido no Brasil — subia 0,70%, aos R$5,4325. No ano, a divisa acumula queda de 12,62%.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,17%, a 150.704,20 pontos, de acordo com dados preliminares. Na máxima da sessão, chegou a 150.887,55 pontos. Na mínima, marcou 149.978,79 pontos.
O volume financeiro no pregão somava R$ 22,6 bilhões antes dos ajustes finais.
O dólar no dia
A sessão desta terça-feira foi marcada pela aversão aos ativos de risco ao redor do mundo, em meio aos receios de que possa haver uma correção intensa no mercado de ações norte-americano, impulsionado nos últimos meses pela euforia em torno da inteligência artificial.
Durante evento em Hong Kong, o presidente-executivo do Morgan Stanley, Ted Pick, citou a possibilidade de “haver reduções de 10% a 15%” nos preços das ações, sem que isso decorra de algum colapso macroeconômico.
Neste cenário, os índices de ações foram pressionados na Europa e nos Estados Unidos, enquanto o dólar ganhou força ante boa parte das demais divisas, incluindo o real.
“Vínhamos em uma toada mais favorável, com os ativos de risco performando super bem no último mês, puxados pelos ativos de tecnologia”, afirmou o superintendente de Tesouraria do Daycoval, Luiz Fernando Gênova.
“Mas, depois do Fed, com a indefinição sobre os juros nos Estados Unidos, começamos a ter um gatilho mais intenso de correção”, acrescentou, em referência ao fato de o Federal Reserve, após a reunião da semana passada, ter dado indicações de que os juros podem não cair novamente em dezembro nos EUA.
Neste cenário, o dólar à vista atingiu a máxima intradia de R$ 5,4007 (+0,80%) às 9h35, enquanto no exterior a moeda norte-americana também sustentava ganhos firmes ante divisas pares do real, como o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano.
“O real até vinha performando bem em relação a seus pares — nos últimos dias, um pouco pior –, mas não vi um movimento atípico”, disse Gênova.
No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou durante evento em São Paulo que por mais que o Banco Central seja pressionado a não baixar os juros, as taxas terão que cair.
“Vão ter que cair, vão ter que cair. Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair”, disse Haddad.
A expectativa do mercado é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mantenha a Selic em 15% ao ano na noite de quarta-feira, mas os agentes buscarão pistas no comunicado da decisão sobre quando os cortes começarão. As reuniões seguintes do colegiado ocorrem em dezembro, janeiro e março.
O fato de a Selic estar em nível elevado no Brasil, enquanto nos Estados Unidos o Fed cortou juros nas últimas reuniões, tem sido apontado como um fator favorável à atração de investimentos ao país, com impacto de baixa sobre o dólar.
Pela manhã, o BC vendeu 45.000 contratos de swap cambial tradicional, para rolagem do vencimento de 1º de dezembro.
No exterior, às 17h04 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,36%, a 100,250.
O Ibovespa no dia
O Ibovespa fechou com valorização modesta, após titubear com ajustes, pressionado pela queda das ações de Vale e Embraer.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,17%, a 150.704,20 pontos, completando dez pregões seguidos com sinal positivo – a maior sequência desde julho de 2024, quando subiu em 11 sessões.
Na máxima do dia, marcou 150.887,55 pontos, novo topo intradia. Na mínima, registrou 149.978,79. O volume financeiro somou R$25,18 bilhões.
Na visão do sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiroz, a bolsa refletiu em alguns momentos movimentos de realização de lucros, bem como o “mau humor” no cenário internacional.
Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário dos Estados Unidos, recuou 1,17%, com presidentes de grandes bancos alertando que os mercados acionários podem estar caminhando para uma correção negativa.
Queiroz também destacou a expectativa para a decisão de política monetária do Brasil na quarta-feira, quando a Selic deve ser mantida em 15%.
Dado o consenso sobre a decisão, o foco das atenções deve ficar sobre o comunicado que será divulgado ao término da reunião e pode sinalizar os próximos passos do BC.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que as taxas de juros estão “exageradamente restritivas” e defendeu que a autoridade monetária dê ao menos uma sinalização sobre cortes à frente.
DESTAQUES
– VALE ON caiu 1,12%, acompanhando a fraqueza dos preços futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian caiu 1,71%, a 775,5 iuans (US$108,87) a tonelada.
– EMBRAER ON recuou 3,6%, após divulgação do resultado do terceiro trimestre com lucro líquido ajustado de R$289,4 milhões ante R$1,23 bilhão um ano antes. A receita líquida, por sua vez, aumentou para R$10,87 bilhões.
– KLABIN UNIT fechou em alta de 2,95%, mesmo com a queda de 34% no lucro líquido do terceiro trimestre ante o resultado apurado no mesmo período um ano antes. O Ebitda ajustado cresceu 17%, com ampliação da margem de 36% para 39%.
– BB SEGURIDADE ON avançou 1,2%, após mostrar alta de 13% no lucro recorrente do terceiro trimestre, afirmando que o principal destaque foi o resultado financeiro, impulsionado pela expansão de volumes e alta da taxa Selic.
– TIM ON subiu 1,2%, após alta de 50% no lucro líquido do terceiro trimestre sobre o desempenho de um ano antes, com expansão controlada de despesas. O Ebitda ajustado aumentou 7,2%, a R$3,47 bilhões.
– COSAN ON caiu 3,12%, após precificar oferta de ações a R$5 por papel e aprovar novo follow-on para melhorar o perfil de crédito e liquidez da empresa, além de controladas e investidas, incluindo Raízen. RAÍZEN PN cedeu 2,13%.
– ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 0,3% antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre após o fechamento do mercado, na contramão do sinal que prevaleceu no setor no Ibovespa.
– PETROBRAS PN valorizou-se 0,5%, descolando da queda dos preços do petróleo no mercado externo. O barril sob o contrato Brent fechou o dia com declínio de 0,69%, a US$64,44.
