07/04/2025 - 17:36
Em um dia de estresse generalizado nos mercados globais, o dólar disparou novamente no Brasil e superou os R$ 5,90, após os EUA iniciarem a cobrança de tarifas de importação e o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçar a China com mais taxas.
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O dólar à vista fechou em alta de 1,24%, aos R$ 5,9107, maior valor de fechamento desde 28 de fevereiro, quando encerrou a R$ 5,9165. Apenas no acumulado das duas últimas sessões, a moeda norte-americana avançou 28 centavos de real — um salto que dá a medida do estresse do mercado local com a guerra tarifária deflagrada pelos EUA.
Em abril a divisa já acumula elevação de 3,57%. Veja cotações.
Às 17h06 na B3 o dólar para maio — atualmente o mais líquido no Brasil — subia 0,82%, aos R$ 5,9315.
Já o Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, sem alívio nas preocupações sobre a nova política comercial norte-americana, com as ações da Petrobras respondendo pelo maior peso negativo, também afetadas por receios de corte de preços pela estatal com o tombo do petróleo no exterior.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,38%, a 125.503,59 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo marcado 123.876,24 pontos na mínima e 128.410,57 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somava R$ 27,4 bilhões antes dos ajustes finais.
O dólar no dia
O dólar se manteve em alta durante praticamente toda a sessão em sintonia com a queda firme das ações ao redor do mundo, após o início da cobrança, no sábado, de uma tarifa de 10% sobre todas as importações dos EUA. Assim como na sexta-feira, investidores buscavam a segurança da moeda norte-americana, tendo no horizonte ainda o início da cobrança, na próxima quarta-feira, de uma bateria adicional de tarifas recíprocas que atingirá vários países.
Para piorar, nesta segunda-feira Trump disse que pode impor uma taxa adicional de 50% sobre as importações vindas da China também na próxima quarta-feira, se a segunda maior economia do mundo não retirar as tarifas de 34% que impôs sobre produtos dos EUA na semana passada. As tarifas chinesas vieram em resposta às taxas de 34% anunciadas anteriormente por Trump sobre a China.
Os mercados globais chegaram a experimentar algum alívio nesta segunda-feira perto das 11h (horário de Brasília), após reportagem da CNBC dos EUA informar que Trump estaria considerando uma pausa de 90 dias nas tarifas cobradas de todos os países, com exceção da China. Em reação, às 11h15 o dólar à vista despencou para a mínima de R$5,8163 (-0,38%).
Mas o movimento foi um ruído momentâneo. Em resposta na sequência, a Casa Branca desmentiu a pausa e qualificou a notícia como “falsa”, o que fez o dólar subir com ainda mais força ante o real. Às 13h12, a moeda norte-americana à vista atingiu a máxima de R$ 5,9333 (+1,63%).
“Essa possível escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo provocou um aumento na aversão ao risco nos mercados, o que afetou particularmente as moedas de países emergentes — especialmente o real”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário distribuído no fim da tarde.
A alta do dólar ante o real ajudou a sustentar as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil e esteve em sintonia com a queda firme do Ibovespa.
No exterior, o dólar tinha ganhos ante quase todas as demais divisas no fim da tarde. Às 17h16, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,89%, a 103,510.