16/04/2025 - 17:25
O dólar fechou nesta quarta-feira, 16, em baixa em sintonia com o exterior, onde os receios em torno da guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos fizeram a moeda norte-americana ceder ante quase todas as demais divisas.
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O dólar à vista fechou em baixa de 0,43%, aos R$ 5,8657. Em abril, no entanto, a divisa acumula elevação de 2,78%. Veja cotações.
Às 17h07 na B3 o dólar para maio — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,20%, aos R$ 5,8780.
O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, pressionado principalmente pela Vale, após dados de produção e vendas da mineradora no primeiro trimestre, mas também contaminado por Wall Street, que teve desempenho minado por preocupações sobre o efeito da política comercial de Trump na economia norte-americana.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,68%, a 128.363,5 pontos, de acordo com dados preliminares, chegando a 128.149,1 pontos na mínima e marcando 129.605,01 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro somava R$ 22,1 bilhões antes dos ajustes finais, em sessão marcada por vencimento de opções sobre o Ibovespa e de contrato futuro do índice, além de véspera de vencimento de opções sobre as ações, uma vez o exercício foi antecipado em razão do feriado na sexta-feira.
O dólar no dia
Os receios em torno da guerra tarifária — em especial entre EUA e China — influenciaram novamente os negócios nesta quarta-feira, tanto no Brasil quanto no exterior.
“O dólar no Brasil acompanhou o DXY (índice do dólar). Ele ensaiou uma alta mais cedo, mas depois recuou após o DXY derreter”, comentou durante a tarde Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
Segundo ele, o vai-e-vem da política comercial norte-americana, com o presidente Donald Trump anunciando tarifas para logo depois voltar atrás e negociar, gerou dúvidas quanto à credibilidade dos EUA. Em razão disso, conforme Massote, investidores muitas vezes têm corrido para a proteção de divisas como o euro e o iene — uma das seis moedas fortes da cesta do DXY.
Neste cenário, às 17h27, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,70%, a 99,383. No mesmo horário, na B3, o dólar para maio — atualmente o mais líquido no Brasil – cedia 0,18%, aos R$5,5,8795.
O dólar à vista chegou a marcar a máxima de R$59170 (+0,44%) às 10h13, para depois ceder à mínima de R$5,8524 (-0,65%) às 14h27, acompanhando a derrocada do DXY e a baixa da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes, como o peso mexicano e o peso chileno.
O viés de baixa para o dólar em todo mundo continuou inclusive após declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em evento à tarde do Economic Club of Chicago.
Em seu discurso, Powell afirmou que as tarifas impostas por Trump sobre parceiros comerciais foram maiores até mesmo do que as estimativas mais altas preparadas pelo Fed com antecedência.
Ao mesmo tempo, avaliou que as políticas comerciais de Trump criarão desafios para que o Fed cumpra seus mandatos de emprego e inflação este ano.
“Os efeitos disso provavelmente nos afastarão de nossas metas, de modo que o desemprego provavelmente aumentará com a desaceleração da economia, e a inflação provavelmente aumentará com a entrada das tarifas” na economia, disse Powell.
No Brasil, pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de maio de 2025.
O dia do Ibovespa
Em Nova York, o S&P 500 caiu 2,24% e o Nasdaq Composite perdeu 3,07%, após a Nvidia alertar que a decisão do governo dos EUA de exigir licenças para exportações para a China de um de seus chips de inteligência artificial mais populares custará à empresa US$5,5 bilhões.
“Investidores ainda esperam desdobramento da guerra tarifária entre a China e os Estados Unidos”, observou o analista de investimentos Gabriel Mollo, da Daycoval Corretora. “Eles não sentaram para negociar, então as retaliações podem ocorrer ao longo da semana”, acrescentou.
Mollo também citou como mais um componente negativo para o dia as declarações nesta quarta-feira do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, de que medidas adotadas pelo presidente Donald Trump vão fazer com que os Estados Unidos cresçam de maneira mais lenta e que a inflação fique acima do esperado.
Em uma apresentação em Chicago, Powell disse que as novas políticas comerciais representam uma mudança significativa.
“Os efeitos disso provavelmente nos afastarão de nossas metas, de modo que o desemprego provavelmente aumentará com a desaceleração da economia, e a inflação provavelmente aumentará com a entrada das tarifas” na economia, afirmou, acrescentando que isso provavelmente ocorrerá ao longo do ano.
A B3 divulgou também nesta quarta-feira a segunda prévia do Ibovespa que irá vigorar a partir de maio, que mostrou a entrada das ações da Smartfit, enquanto confirmou a inclusão dos papéis da Direcional e saída das ações de Automob e LWSA, já vistas na primeira preliminar.
DESTAQUES
– VALE ON caiu 2,32%, após divulgar na véspera queda de 4,5% na sua produção de minério de ferro no primeiro trimestre, em meio a um impacto de chuvas no Sistema Norte. Em paralelo, na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou o dia com queda de 0,14%, a 708 iuanes por tonelada.
– PETROBRAS PN fechou estável, mas PETROBRAS ON cedeu 0,87%, em dia de assembleia de acionistas, que elegeram a composição do conselho de administração da estatal para o próximo mandato, mudando apenas um dos 11 membros do colegiado e mantendo Pietro Mendes como presidente. Em meio a preocupações de um movimento da Petrobras envolvendo os preços dos combustíveis diante do tombo recente do petróleo, a CEO disse que a Petrobras vai tratar da questão “com muita tranquilidade”.
– RD SAÚDE ON recuou 6,4%, em meio a ajustes após avançar nos três pregões anteriores, acumulando no intervalo alta de quase 11%. Até a terça-feira, os papéis subiam cerca de 20% no mês. EMBRAER ON caiu 3,46%, também entre os destaques negativos, após duas altas seguidas, período em que contabilizou uma valorização de 6,5%.
– BRAVA ON valorizou-se 5,22%, encontrando apoio no avanço dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent subiu 1,8%, e tendo ainda no radar anúncio de que o fundo Yellowstone, do BTG, atingiu uma participação de 5,3% nas ações da petrolífera. No mês, até a véspera, os papéis da companhia acumulavam uma perda de mais de 25%.
– MINERVA ON avançou 4,35%, em dia positivo no setor e endossada por relatório do Citi mantendo a recomendação neutra para as ações, mas elevando o preço-alvo de R$5,50 para R$7,50 — um upside potencial de 8,7% ante o fechamento de terça-feira. JBS ON subiu 1,05%, MARFRIG ON ganhou 2,48% e BRF ON teve acréscimo de 0,05%.
– MRV&CO ON subiu 3,02%, após cair até 3,6% nos primeiros negócios na esteira da prévia operacional divulgada na véspera, com queima de caixa ajustada de R$48,3 milhões no primeiro trimestre e acréscimo de apenas 1,7% nas vendas em seu segmento de incorporação. Em evento com investidores, a companhia reiterou o guidance de fluxo de caixa e estimou R$11 bilhões em lançamentos em 2025.
– SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 0,71%, sendo exceção entre os bancos do Ibovespa, com ITAÚ UNIBANCO PN fechando com decréscimo de 0,15%, BRADESCO PN recuando 0,16%, BANCO DO BRASIL ON terminando com variação negativa de 0,43% e BTG PACTUAL UNIT registrando queda de 0,79%.