O dólar à vista fechou a quinta-feira pré-feriado em baixa firme no Brasil, se reaproximando dos R$ 5,80, em sintonia com o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes no exterior, em meio à expectativa de que os EUA possam chegar a um acordo com a China e outros países na guerra tarifária.

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O dólar à vista fechou em baixa de 1,00%, aos R$ 5,8069. Na semana — encurtada pelo feriado da Sexta-feira Santa — a moeda acumulou queda de 1,07%. Em abril, no entanto, a divisa acumula elevação de 1,75%. Veja cotações.

Às 17h05 na B3 o dólar para maio — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 1,06%, aos R$ 5,8165.

Já o Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, superando os 130 mil pontos no melhor momento, em movimento puxado pelas ações da Petrobras na esteira do avanço do petróleo no exterior e corte conservador no preço do diesel.

A sessão também teve como pano de fundo declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que espera fazer um acordo comercial com a China, embora ele não tenha dado detalhes ou indicações de como as negociações serão iniciadas.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1%, a 129.593,77 pontos, de acordo com dados preliminares, chegando a 130.090,65 pontos na máxima e marcando 127.973,14 pontos na mínima da sessão.

Na semana, encurtada pela ausência de negócios na Sexta-feira Santa, o Ibovespa acumulou alta de 1,50%.

O volume financeiro nesta quinta-feira totalizava apenas R$ 19 bilhões antes dos ajustes finais, mesmo em pregão marcado pelo vencimento de opções sobre ações, dada a cautela com o feriadão no Brasil.

O dólar no dia

A sessão desta quinta foi marcada por certo apetite dos investidores por risco, o que se traduziu na busca por moedas de países emergentes e exportadores de commodities.

O movimento se intensificou no início da tarde, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que espera progresso nas negociações comerciais com outros países e dizer que espera fazer um acordo comercial com a China — seu principal adversário na guerra tarifária.

“Nós vamos fazer um acordo”, disse Trump na Casa Branca, sem dar detalhes. “Acho que vamos fazer um acordo muito bom com a China.”

Após marcar a cotação máxima de R$5,8894 (+0,40%) às 9h12, pouco depois da abertura, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,7970 (-1,17%) às 15h36, após os comentários de Trump.

“Estamos vendo uma queda um pouco mais acentuada da taxa de câmbio aqui, e o movimento está ligado ao cenário externo. Outras moedas emergentes também estão se favorecendo”, afirmou Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.

“É possível que o fato de Trump ter mostrado hoje uma disposição para um acordo comercial com a China talvez esteja impulsionando a melhora das moedas emergentes de modo geral”, acrescentou.

Outro fator para a queda do dólar no Brasil, conforme Quartaroli, era o avanço firme do petróleo no mercado internacional, superior a 3%. Como o país é exportador da commodity, o real foi favorecido.

Internamente, o mercado também seguia especulando sobre os possíveis impactos da guerra comercial sobre a economia brasileira.

De acordo com Laís Costa, analista da Empiricus Research, os economistas aparentemente estão revisando para baixo a expectativa de inflação para 2025, ainda que possam elevar a projeção para 2026.

“A inflação um pouco menor para este ano significa a possibilidade de se ganhar um juro real absurdo. Então, isso está aumentando a atratividade do Brasil para os investidores”, disse Costa.

Na quarta-feira, o Itaú revisou para baixo sua estimativa para a inflação neste ano, de 5,7% para 5,5%. No caso de 2026, a projeção passou de 4,5% para 4,4%.

Na próxima terça-feira, após o feriado prolongado, investidores estarão atentos à atualização das expectativas dos economistas no boletim Focus do Banco Central, já em um cenário global mais conflituoso e incerto.

No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em baixa ante divisas pares do real como o peso mexicano, o peso chileno e a lira turca. Porém, a moeda norte-americana subia ante outras divisas fortes.

Às 17h15, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,05%, a 99,363.