28/04/2025 - 17:26
O dólar completou a sétima sessão consecutiva de perdas ante o real, acompanhando nesta segunda-feira, 28, o recuo da moeda norte-americana no exterior, onde investidores aguardavam uma bateria de dados econômicos no restante da semana e novidades sobre a guerra comercial entre EUA e China.
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O dólar à vista fechou em baixa de 0,73%, aos R$ 5,6485. Nos últimos sete dias úteis a divisa acumulou perdas de 4,11%. Em abril a moeda acumula queda de 1,02%.
Às 17h04 na B3 o dólar para maio — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,72%, aos R$ 5,6495.
O Ibovespa fechou a segunda-feira com alta modesta, após perder o fôlego que o levou a ultrapassar mais cedo os 135 mil pontos pela primeira vez neste ano, com pressão das ações de empresas ligadas a commodities, mas suporte do setor de bancos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 0,21%, a 135.015,89 pontos, tendo marcado 135.709,27 no melhor momento e 134.711,10 na mínima da sessão. O desempenho no dia marcou o sexto pregão seguido de alta para o índice, na abertura de uma semana mais curta devido ao feriado do Dia do Trabalho na quinta-feira.
O volume financeiro somava R$ 18,6 bilhões antes dos ajustes finais.
O dólar no dia
Pela manhã o dólar chegou a ensaiar ganhos ante o real, atingindo a cotação máxima do pregão de R$5,7012 (+0,19%) às 9h11, pouco depois da abertura. Mas rapidamente a divisa saltou para o território negativo, acompanhando o viés de baixa vindo do exterior, onde o dólar cedia ante boa parte das demais divisas.
“Depois que bateu a mínima, por volta dos R$5,64, tivemos um movimento de recomposição, voltando para os R$5,68. E agora o dólar está acompanhando basicamente o exterior”, comentou no meio da tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Segundo ele, continuaram permeando os negócios em todo o mundo a perspectiva de um possível acordo entre EUA e China na disputa tarifária desencadeada pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Além disso, há uma expectativa grande pelo restante da semana, quando serão divulgados uma série de indicadores econômicos nos EUA — enquanto no Brasil os mercados fecham novamente na quinta-feira, no feriado do Dia do Trabalho.
Nos EUA, na terça-feira saem dados do relatório de emprego Jolts, enquanto na quarta-feira serão divulgados o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre e os números de emprego da ADP. Na quinta-feira é a vez dos dados de seguro-desemprego e, na sexta, do relatório de emprego payroll.
O foco no exterior deixou em segundo plano novamente as falas de autoridades brasileiras, conforme profissionais ouvidos pela Reuters.
Em evento promovido pelo J.Safra, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil pode fazer uma troca em vetores de crescimento econômico, com menor impulso fiscal e mais investimentos privados. Segundo ele, a economia brasileira tem tudo para ser impulsionada pelo consumo das famílias e pelos investimentos das empresas.
“Não precisamos de impulso maior do que esse para crescer, pelo contrário, acho que esses são os impulsos corretos para crescer com sustentabilidade”, defendeu.
No mesmo evento, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a autarquia precisa reunir confiança de que a inflação está convergindo para a meta e que a política monetária está produzindo os efeitos desejados. Ele ressaltou que não há uma variável única que vá dar essa segurança e é preciso reunir uma diversidade de dados.
“A gente está bastante incomodado com a questão das expectativas (de inflação), que continuam bastante desancoradas. A gente quer entender por quanto tempo e em que patamar a gente precisa deixar a taxa de juros para atingir a meta”, afirmou.
Os comentários de Haddad e Galípolo não influenciaram de forma decisiva nem as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), nem o dólar.
No exterior, às 17h11 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,81%, a 98,922.
No Brasil, pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.
Também pela manhã o BC informou que o Brasil teve déficit em transações correntes de US$2,245 bilhões em março. O rombo foi mais do que compensado pelos investimentos diretos no país, que alcançaram US$5,990 bilhões no mês.