11/03/2025 - 17:18
O dólar fechou nesta terça-feira, 11, em baixa ante o real, acompanhando o recuo da moeda norte-americana no exterior, passado o movimento de busca por segurança visto na véspera, com investidores no Brasil ajustando posições após o avanço da sessão anterior de mais de 1%.
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A moeda norte-americana à vista fechou em baixa de 0,74%, aos R$ 5,8113. Em março, a divisa acumula queda de 1,78%. Veja cotações.
Às 17h03 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,74%, aos R$ 5,8380.
O Ibovespa também fechou em queda nesta terça-feira, tendo como pano de fundo uma sessão volátil em Wall Street, com Petrobras entre as maiores pressões negativas, enquanto Vale ofereceu um contrapeso positivo.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,81%, a 123.507,35 pontos, após marcar 124.625,49 pontos na máxima e 122.635,62 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$ 19,5 bilhões.
O dólar no dia
Na segunda-feira o dólar havia superado os R$ 5,85 na esteira de um movimento global de busca por ativos mais seguros, após o presidente dos EUA, Donald Trump, evitar no domingo prever se os EUA podem passar por recessão devido ao impacto das tarifas de importação sobre Canadá, México e China.
Já a terça-feira foi marcada por ajustes de posições após o forte avanço do dólar na véspera.
“Sem novidades no cenário local, o recuo no dólar parece refletir alguma correção de prêmios de risco incorporados no pregão anterior, marcado por forte aversão ao risco, principalmente no dólar e nos contratos de juros”, avaliou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
O diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, chamou atenção para o fato de o dólar também estar em queda ante boa parte das divisas fortes e ante a maioria das demais moedas no exterior.
“Já vimos essa novela de guerra comercial EUA-China entre 2018 e 2019, e tivemos por muito tempo o mercado projetando um arrefecimento do comércio global e um impacto recessivo. Isso vai permear os pregões por muito tempo ainda, pode apostar”, acrescentou.
Neste contexto, após marcar a cotação máxima de R$ 5,8578 (+0,05%) às 9h01, logo após a abertura, o dólar à vista registrou a mínima de R$ 5,8037 (-0,87%) às 16h32, já na reta final dos negócios.
Pela manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.
No exterior, às 17h11 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,44%, a 103,400.
O dia do Ibovespa
Na visão do sócio e advisor da Blue3 Investimentos William Queiroz, a bolsa continuou replicando o sentimento mais negativo no exterior, em meio a preocupações relacionadas à guerra comercial e uma possível desaceleração do crescimento global.
Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou com decréscimo de 0,76%, chegando a reduzir as perdas após anúncio dos EUA de que a Ucrânia aceitou acordo de cessar-fogo com a Rússia.
Mas o clima segue tenso, com agentes financeiros avaliando os riscos de uma recessão nos Estados Unidos, em meio a anúncio de tarifas comerciais e dados econômicos recentes.
Trump afirmou nesta terça-feira que estava dobrando a tarifa sobre produtos de aço e alumínio do Canadá, para 50%, em resposta à implementação pela província canadense de Ontário de uma taxa de 25% sobre a eletricidade que entra nos EUA.
Na quarta-feira, entram em vigor tarifas mais amplas de 25% sobre o aço e o alumínio que entram nos EUA, que serão aplicadas a milhões de toneladas desses produtos oriundos de Canadá, Brasil, México, Coreia do Sul, entre outros países.
DESTAQUES
– PETROBRAS PN recuou 1,5%, descolada da alta dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent subiu 0,4%. Os papéis ainda refletem a frustração com os dividendos abaixo do esperado, bem como temores envolvendo a alocação de capital após investimentos acima do previsto em 2024.
– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,88%, em mais um dia no qual o sinal negativo prevaleceu nos bancos do Ibovespa. BRADESCO PN perdeu 0,61%, BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,89% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou negociada em baixa de 2,11%. BTG PACTUAL UNIT terminou com variação positiva de 0,16%.
– VALE ON subiu 0,83%, descolada do setor. CSN ON caiu 2,54%, no penúltimo pregão antes da divulgação do balanço do quarto trimestre do ano passado, com agentes também atentos ao começo da aplicação de tarifas sobre aço pelos EUA. CSN MINERAÇÃO ON perdeu 3,13%, USIMINAS PNA caiu 1,34% e GERDAU PN cedeu 0,36%.
– IGUATEMI UNIT perdeu 2,68%, tendo no radar o anúncio de assinou os contratos envolvendo as aquisições de participações nos empreendimentos paulistanos Shopping Pátio Higienópolis e Shopping Pátio Paulista e que acertou compromissos firmes de investimento com “parceiros financeiros e coproprietários” que somam quase R$1,48 bilhão.
– REDE D’OR ON cedeu 3%, mesmo após divulgar Ebitda consolidado de R$2 bilhões no quarto trimestre, avanço de 34,4% ano a ano. Analistas do Itaú BBA chamaram a atenção para tendências mais fracas no segmento hospital, com adição mais lenta do que o esperado de leitos operacionais e crescimento substancial em custos de pessoal e de terceiros.
– LWSA ON valorizou-se 3,79%, encontrando apoio no alívio das taxas dos DI para reduzir as perdas acumuladas no ano, que até a véspera somavam mais de 20%. A companhia divulga seu balanço do quarto trimestre do ano passado na quinta-feira, após o fechamento do pregão.
– CPFL ENERGIA ON fechou em alta de 3,03%, tendo como pano de fundo relatório de analistas do UBS BB cortando o preço-alvo de R$49 para R$45, mas reiterando compra, conforme veem a elétrica como uma oportunidade relativamente mais segura no atual cenário de juros mais elevados dadas as suas metas de alavancagem conservadoras.